Jornal Estado de Minas

Agentes se desentendem com detentos e disparam balas de borracha na Nelson Hungria

 

O Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH, volta ao noticiário. Desta vez, agentes penitenciários se desentenderam com internos da unidade e usaram balas de borracha para reestabelecimento da ordem. O caso aconteceu na manhã dessa quinta-feira (22).




Segundo a Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), os servidores faziam incursões de rotina nas celas para verificar se tudo estava nos conformes. Contudo, alguns detentos se negaram a obedecer a abordagem.

 

 


Por isso, de acordo com a pasta, os agentes usaram a “força progressiva” contra quatro detentos. No vídeo acima, gravado por um detento, é possível ver que houve disparos de bala de borracha na abordagem.


Ainda segundo a Sejusp, os presos sofreram escoriações e foram atendidos no setor de saúde da Nelson Hungria. Depois, eles seguiram para o Instituto Médico-Legal, onde passaram por exame de corpo de delito.



 

 


Os detentos retornaram à unidade prisional, segundo o órgão ligado ao governo do estado. Com eles, os agentes apreenderam quatro celulares e um chuço (arma branca artesanal). Os detentos podem, agora, sofrer sanções administrativas.


Interditada, a Nelson Hungria vive momentos de tensão. Números traduzem o problema: segundo a decisão que interditou a Nelson Hugria, a penitenciária que deveria abrigar 1.601 detentos tinha 2.320, ou 37% mais internos que a capacidade. Para controlar toda essa multidão, há 433 agentes.

 

Advogado critica direção 

 

 

Defensor de diversos detentos da Nelson Hungria, o advogado Fernando Magalhães disse que a nova direção que assumiu a penitenciária recentemente não começou bem. 

 

“O Malaquias (Rodrigo Clemente Malaquias, diretor-geral da unidade) dirigiu muito bem o Ceresp (Centro de Remanejamento do Sistema Prisional ) Contagem, mas tem errado na Nelson Hungria. Se ele acha que vai resolver o problema com a força, está em enganado. O problema precisa ser resolvido com inteligência”, destaca o advogado.

 

Ainda segundo Magalhães, alguns remanejamentos feitos pela nova direção prejudicaram a segurança da Nelson Hungria. “Eles colocaram presos de facções rivais na mesma cela. Isso não pode acontecer, já que o estado não tem agente suficiente”, critica.