A violência no trânsito foi responsável pelo pagamento de quatro indenizações todos os dias por mortes em acidentes envolvendo motocicletas e ciclomotores nos últimos 10 anos em ruas, avenidas e estradas de Minas Gerais. O retrato assustador surge a partir da avaliação de dados obtidos junto à Seguradora Líder, que administra o Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT), taxa obrigatória para o licenciamento de cada veículo que circula em território nacional. De acordo com as estatísticas, entre 2009 e 2018 foram pagas 17.501 indenizações exclusivas para óbitos em desastres com motos e ciclomotores no estado. Quando analisados também os dados de outros tipos de compensações, como aquelas por invalidez permanente ou reembolso de despesas médico-hospitalares, Minas chega à marca de 328.825 sinistros em 10 anos pelos três tipos de ocorrências relacionadas a veículos de duas rodas. Isso significa média de 90 pagamentos diários, em média, de janeiro de 2009 a dezembro de 2018.
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Segundo Maria Valins, superintendente da Seguradora Líder, que administra os recursos do DPVAT, estudos mostram que a falha humana é o principal fator nesses acidentes. “Em especial o excesso de velocidade, a falta de cuidado no uso dos equipamentos de segurança, principalmente o capacete, a prática de andar nos corredores entre os veículos, o desrespeito à sinalização de trânsito e também a combinação de álcool e direção”, contabiliza.
O número de indenizações por morte já impressiona por si só, mas o dado estatístico para os pagamentos para invalidez permanente também é assustador. Mais de 257 mil pessoas foram indenizadas no período avaliado por serem vítimas de desastres de trânsito que as deixaram permanentemente incapacitadas para suas atividades diárias – com diferentes graus de gravidade. Isso significa que, a cada dia nesse período de 10 anos, em média 70 pessoas ficaram definitivamente impossibilitadas de trabalhar ou manter suas relações pessoais e familiares normalmente. “As lesões mais comuns que resultam em indenização por invalidez permanente são nos membros inferiores, cerca de 43%. Desde lesões no joelho, tornozelo, até pernas”, acrescenta Maria Valins.
De acordo com o diretor da Câmara Setorial Duas Rodas, da Câmara dos Dirigentes Lojistas de BH (CDL/BH), Milton Furtado, estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontam que, em média, cada motociclista acidentado no Brasil custa R$ 32 mil para a sociedade, entre gastos com atendimento médico, afastamento do trabalho, entre outros. Ele avalia que um dos fatores que contribuem para esse quadro é a fragilidade do exame para que motociclistas conquistem a habilitação.
Ainda segundo ele, falhas também no aspecto educacional contribuem para o quadro de pouca conscientização para uma pilotagem mais segura. Outro fator que interfere é a explosão da frota de motocicletas nos últimos 10 anos. “Temos feito campanhas educativas na CDL BH e já notamos a redução dos acidentes na Grande BH. É necessário investir nesse tipo de ação para que a redução chegue ao estado inteiro”, completa.
Entenda o seguro
O seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) é uma taxa de pagamento obrigatório para todos os veículos em circulação no país. Donos de carros, motos, ônibus e caminhões pagam um valor que vai de R$ 16,21 para automóveis até R$ 84,58 para motos – mais alto justamente pelo fato de os motociclistas se envolverem na maior parte dos acidentes.