O processo internacional estimado em 5 bilhões de libras – cerca de R$ 25 bilhões – que a mineradora BHP Billiton sofre nas cortes do Reino Unido por ser uma das controladoras da Samarco, responsável pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, em 2015, pode ter a sua jurisdição julgada em novembro e levar mais 2 anos. Um salto, em termos de agilidade, se comparado com as ações nacionais que ainda se encontram em instrução e fases preliminares depois de quase quatro anos. As informações são de Tom Goodhead, um dos sócios do escritório de advocacia anglo-americano SPG Law, que representa os atingidos pela tragédia contra a mineradora multinacional.
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Acordo de indenização de tragédia de Mariana será homologado nesta quarta-feiraExtração sob suspeita: Mariana tenta reparar dano ambiental em cascalheiraAutoridades investigam ações ambientais irregulares no pós-tragédia de Mariana Família de desaparecido em tragédia de Mariana será indenizada em quase R$3 milhõesSamarco briga por dique em Bento Rodrigues que tem de ser desmontadoEstudo mostra que lama de desastre de Mariana chegou a AbrolhosCaminhão carregado com frutas tomba e motorista morre na BR-381“O episódio de Mariana (o rompimento da Barragem do Fundão) corre a favor das vítimas. Estimamos que o julgamento de jurisdição deverá ocorrer em novembro – última possibilidade de a ação sair da alta corte para as cortes da Inglaterra e do País de Gales”, disse Goodhead. De acordo com o advogado, o escritório internacional representa 25 prefeituras, das 39 atingidas e cerca de 600 empresas e indústrias que também perderam clientes ou chegaram a fechar.
Segundo o advogado, a mineradora anglo-australiana não chegou a procurar os representantes legais dos atingidos para qualquer tipo de conversa ou de entendimento. “A BHP não ofereceu qualquer tipo de acordo alternativo à ação proposta pelo escritório. Acreditamos que esse tipo de proposta é mais provável de ocorrer após a audiência marcada para novembro, quando a jurisdição será determinada”, projeta Tom Goodhead.
Expectativa de acordo
Já a respeito do processo contra a Tüv Süd, que atestou a estabilidade das barragens 1, 4 e 4A, da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, o escritório ainda se encontra numa fase mais inicial, coletando as demandas dos atingidos que serão seus clientes. “No caso da Tüv Süd, que é alemã, estamos em conversas para tentar que ocorra um acordo para indenizar os atingidos e evitar que a questão seja judicializada. De qualquer forma, estamos prontos para agir com a rapidez e impacto necessários”, disse Goodhead.
A ação internacional contra a Tüv Süd será encaminhada à cortes germânicas, que em comparação aos tribunais ingleses tem procedimentos mais parecidos com os brasileiros. Nos dois casos, a devastação gerada pelos rompimentos será julgada em conformidade com a Lei do Brasil. “Contudo, as cortes germânicas são consideradas por alguns como as mais eficientes e rápidas do mundo. Devido a regulações europeias, a Lei Brasileira terá de ser aplicada no processo e também se tratará de uma ação em grupo. Contudo, o conjunto (de atingidos) será subdividido por categorias de requerentes”, disse o advogado inglês. Ele estima que o número de clientes será inicialmente menor, pois se considera que os danos ficaram mais restritos a Brumadinho, enquanto o desastre da Samarco atingiu 39 municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo.
A reportagem procurou a BHP Billiton para que se pronunciasse, mas a assessoria de imprensa informou, por meio de e-mail, que a companhia não iria se manifestar. A Tüv Süd também foi procurada, mas informou que não se posicionaria, já que as investigações estão em curso. “A empresa reitera que tem cooperado com as autoridades para o esclarecimento das circunstâncias do colapso da barragem”, informou a assessoria da companhia de origem alemã.