Nem a memória dos mortos escapa dos ladrões. Estátuas de bronze dos túmulos do Cemitério do Bonfim, em Montes Claros, no Norte de Minas, viraram alvo de criminosos, que roubam as peças, depois destruídas para a venda para ferro-velho. Foram detidos pela Polícia Militar, na terça-feira, três jovens – um de 18 e dois de 17 anos, suspeitos do furto nos sepulcros. Eles foram flagrados quando tentavam destruir uma estátua de bronze de Jesus Cristo em um lote vago, no Bairro Jardim Alvorada, sendo constatado que o objeto tinha sido retirado de um túmulo.
Leia Mais
PBH faz mutirão contra a dengue no Cemitério da Saudade, na Região Leste de BHSanta Luzia recupera tradição e fiéis acompanham cortejo rumo ao cemitério localForam recuperadas 12 estátuas de bronze retiradas dos túmulos e que foram encontradas em vários locais do Cemitério do Bonfim, jogadas no chão. “As imagens estavam escondidas pelos ladrões, para que eles pudessem buscá-las depois”, afirma o gerente José Geraldo Dias.
Ele lembra que os ladrões sempre entram no cemitério à noite e afirma que os criminosos chegaram a ameaçar um vigilante local, que não tem armamento. “Nós, trabalhadores do cemitério, ficamos abalados diante desses roubos. Nunca eu tinha visto nada igual a isso”, afirma José Geraldo, mais conhecido como “Keu”. Ele acredita que a identificação e encaminhamento dos três suspeitos para a delegacia ponham fim aos roubos no cemitério.
Na gerência dos cemitérios municipais estão guardadas 11 estátuas de bronze – várias delas com mais de um metro de altura e pesadas, que tinham sido retiradas dos túmulos pelos ladrões, sendo três peças do Sagrado Coração de Jesus, três de São José, duas imagens São Francisco de Assis, duas estátuas de Nossa Senhora, uma imagem do anjo São Miguel Arcanjo e uma representação de Jesus Cristo Crucificado. Esta última foi retirada do túmulo de um ex-prefeito de Montes Claros.
José Geraldo Dias salienta que, depois do “desmanche” das estátuas, o material (bronze) é vendido em ferro velho no quilo por baixo preço. No entanto, ele lembra que as estátuas são caras. “Acredito que o custo de confecção de uma estátua de bronze passe de R$ 10 mil, pois tem também o valor do trabalho artístico”, destaca o gerente.
“Mas, na verdade, o dinheiro que os ladrões conseguem com a venda do material é muito pouco diante do valor sentimental que as peças têm para os parentes das pessoas sepultadas nos túmulos de onde elas foram retiradas. Neste caso, além da falta de respeito com o ser humano, estamos vendo o desrespeito à memória das pessoas que já partiram desta vida. Infelizmente, nem os mortos estão sendo respeitados pelos ladrões”, lamenta José Geraldo Dias.
Ele informou ainda que vai procurar as famílias donas dos túmulos de que foram retiradas as estátuas recuperadas para decidir como elas serão reinstaladas nos mausoléus. Disse também que já solicitou à administração municipal a realização de licitação para compra de câmeras de vigilância para garantir a segurança dos cemitérios, sobretudo, no período noturno, horário preferido pelos criminosos.