Jornal Estado de Minas

Minas é o terceiro estado com menor taxa de mortes violentas, mas feminicídio aumenta

Minas Gerais ficou em terceiro entre os estados com a menor taxa de mortes violentas intencionais no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, registrando 15,4% do total. O estado ficou atrás apenas de São Paulo (9,5%) e Santa Catarina (13,3%). Porém, apesar da diminuição de mortes, o feminicídio aumentou 3,4% com relação ao ano passado.

A Lei do Feminicídio representou um importante passo no reconhecimento das especificidades da violência contra a mulher. Ao introduzir o feminicídio como qualificadora do homicídio doloso, o Brasil reconheceu a violência doméstica e a discriminação à condição de mulher como elementos centrais e evitáveis da mortalidade de milhares de brasileiras todos os anos. Segundo dados do Anuário, os feminicídios correspondem a 29,6% dos homicídios dolosos de mulheres em 2018.

Em nível nacional, as taxas de feminicídio aumentaram 4%. Foram 1.206 casos registrados no Brasil, sendo que em 61% deles as vítimas eram mulheres negras e 88,8% dos autores foram companheiros ou ex-companheiros. Em Minas, foram registradas 150 feminicídios em 2017 e 156 em 2018.

Foram registrados no Brasil em 2019 180 estupros por dia, isto é, um crescimento de 4,8% em comparação ao ano anterior, sendo que 81% das vítimas eram do sexo feminino e 53,5% tinham até 13 anos. Em Minas Gerais, o aumento dos estupros foi de 2,3% em comparação aos anos de 2017 e 2018. Foram registrados 5.245 casos em 2017 e em 2018 foram 5.346.
Em Belo Horizonte, a diminuição foi de 11%, sendo que foram registrados 617 casos em 2017 e 422 no ano seguinte.

Ainda de acordo com o documento, as taxas de homicídio doloso (com a intenção de matar) caíram. As taxas de morte intencionais também diminuíram 21,5% em Minas Gerais e o estado ficou entre os três estados em que a taxa de mortes mais diminuiu. Em 2017, foram registrados no estado 3.966 vítimas e no ano seguinte 3.095. No caso de latrocínio (roubo seguido de morte), foram 104 em 2017 e apenas 82 em 2018.

Morte de policiais

Em números absolutos, 373 policiais civis e/ou militares foram mortos no Brasil em 2018, em confronto ou por lesão não natural (descartando-se, portanto, os casos de acidente de trânsito e suicídio), o que significa, na comparação com 2017, uma redução de 8% no número de mortes. Destes, 97% eram homens e 51,7% eram negros.

Estes dados em Minas Gerais não foram registrados.

Porém, as mortes decorrentes de intervenções policiais foram registradas pela corporação. Em 2017, foram 11 mortes de policiais civis e em 2018 esse número diminuiu para 3. Com relação aos militares, foram 121 mortes em 2017 e 116 em 2018. Nesse mesmo ano, foram registradas 10 mortes de policiais civis e 22 de militares fora do serviço.

Roubo

Os roubos de veículos crescem em termos absolutos entre 2015 e 2017 e a partir de então começa um processo de queda. Em Minas, foram registrados, em 2018, 3.045 roubos de veículos, sendo que essa taxa caiu  38% em 2019, o que corresponde a 1.745 roubos.

Suicídios

Suicídio é o ato intencional de matar a si mesmo. Os fatores de risco incluem perturbações mentais e psicológicas, como depressão, perturbação bipolar, esquizofrenia ou abuso de drogas. Em Minas, foram registradas 1.510 mortes por suicídio em 2017.

Esta taxa diminuiu 1,4%, em comparação com 2018, quando foram registrados 1.487 óbitos.

Os gastos com segurança pública

Os gastos com segurança pública no Brasil em 2018 totalizaram R$ 91,2 bilhões, o que correspondeu a 1,34% do PIB naquele ano. Em relação a 2017, houve um aumento real de 3,9% nas despesas empenhadas, sendo que o crescimento ocorreu de forma diferenciada entre os entes federativos. Em Minas Gerais, foram gastos R$ 45.080,23 milhões na defesa civil e R$ 407.190 milhões em policiamento em 2018. Em comparação a 2017, Minas diminuiu 16,7% dos gastos com inteligência, gastando apenas R$ 38 milhões. 


Homicídios brasileiros


De acordo com o documento, os homicídios brasileiros foram divididos em cinco grupos. Eles são:
  • GRUPO 1: Mortes internas ao mundo do crime e às suas redes próximas, ou seja, guerras entre facções criminais, execuções internas a facções ou em disputa de grupos rivais por mercados ilegais e conflitividade de rua em espaços regulados ou dominados por grupos criminais. 
  • GRUPO 2: Mortes ocorridas na guerra entre as polícias e o mundo do crime, ou seja, a soma das vítimas da letalidade policial e de policiais mortos. 
  • GRUPO 3: Feminicídios, ou seja, violência letal contra indivíduos com identidade feminina de gênero. 
  • GRUPO 4: Latrocínios, ou seja, as mortes da vítima em situações de roubo.
  • GRUPO 5: Homicídios de LGBTs
* A estagiária está sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.

 

.