Jornal Estado de Minas

Cidade perde todo o estoque de vacina depois de posto de saúde ficar sem energia

Com um surto de sarampo a poucos quilômetros, uma brincadeira de mal gosto ou uma ação de vândalos deixou exposta à doença a cidade de Bueno Brandão, no Sul de Minas, quase na divisa com o estado de São Paulo. A Polícia Civil analisa desde o início da tarde desta terça-feira imagens de câmeras de segurança próximas à unidade básica de saúde (UBS) à procura de quem desligou a chave do padrão de energia do único posto de atendimento à população do município. Por causa disso, todo o estoque de vacina foi perdido e não há previsão de reposição de doses.


O padrão fica do lado de fora, sem qualquer proteção. A energia ficou desligada até segunda de manhã, quando uma funcionária que chegou para trabalhar percebeu que a geladeira estava sem funcionar e a temperatura bem acima do que o necessário.

Havia 331 frascos, num total de 627 doses das vacinas de febre amarela, BCG, poliomielite, hepatites A e B, tétano, difteria, pneumonia, varicela, e sarampo, caxumba e rubéola (tríplice viral). “Havia ainda no estoque nove doses da vacina contra a raiva humana, que está em falta no estado todo”, lamenta a secretária Municipal de Saúde, Jéssica Paula Riciatti Nunes.

A cidade intensificou nos últimos dias a campanha contra o sarampo e, por isso, a procura foi intensa nesta segunda e terça-feira. Segundo ela, por ser o único posto de saúde, há uma demanda diária grande de imunização em recém-nascidos, crianças e idosos. “Creio que a pessoa fez uma 'brincadeira', sem saber o dano que estaria causando”, afirma.

As investigações já detectaram uma imagem suspeita, mas todo o panorama do local será verificado até a segunda de manhã, para se ter a certeza do ocorrido. A pedido da Superintendência de Pouso Alegre, órgão da Secretaria de Estado de Saúde, responsável pela região, a secretária enviou ofício à concessionária de energia solicitando a instalação de um novo padrão, dentro do prédio da UBS.

Jéssica acredita que só haverá um novo repasse de doses mediante mudanças na instalação, para garantir que o crime não se repita.
“Se houver negativa da companhia de energia, não sei como vamos proceder. E no meio disso tudo, quem sofre é a população”, diz. .