Uma combinação por si só desafiadora para a saúde pública vem provocando um efeito colateral preocupante nos bancos de sangue da Fundação Hemominas, responsável por 95% dos serviços de hemoterapia em território mineiro. Ainda sentindo os impactos devastadores de uma das maiores epidemias de dengue da última década, com 414,6 mil casos prováveis, e enfrentando a volta do sarampo, com 13 casos já confirmados, o maior número em 20 anos, o estado sofre com a queda nos estoques de sangue, reduzidos à metade, situação em parte atribuída às limitações à doação impostas pelas duas doenças.
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Grande parte dessa retração pode ser explicada pela epidemia de dengue. No caso da forma clássica da doença, o paciente fica impedido de doar sangue enquanto persistem os sintomas, e quatro semanas depois do tratamento. Quem teve o tipo hemorrágico fica até seis meses impedido de doar.
Para o sarampo, caso seja diagnosticado com a doença o paciente deve aguardar 21 dias após a cura para se candidatar à doação de sangue. Já a vacinação impede a doação por quatro semanas. Por isso, uma das recomendações da Hemominas é de que candidatos a doador procurem a fundação antes de se imunizar.
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Para o sarampo, caso seja diagnosticado com a doença o paciente deve aguardar 21 dias após a cura para se candidatar à doação de sangue. Já a vacinação impede a doação por quatro semanas. Por isso, uma das recomendações da Hemominas é de que candidatos a doador procurem a fundação antes de se imunizar.
Diante do quadro preocupante, a Hemominas vem promovendo a campanha “Força-tarefa grupo O”, que vai até sábado. Em caráter emergencial, a campanha visa a reverter a situação preocupante nos estoques desse grupo sanguíneo, principalmente o fator Rh negativo. “Fica o apelo para que as pessoas respondam à nossa força-tarefa. Precisamos repor com urgência os estoques. A situação está complicada. Todos os dias temos pacientes aguardando”, afirma.
Mais fatores complicadores
A quarentena associada ao avanço do sarampo e da dengue agrava um quadro que no final do inverno usualmente já é preocupante. Nos meses de agosto e setembro, a queda nas doações é prevista, por ser período em que aumentam as doenças respiratórias. “É um comportamento sazonal. Enfrentamos baixas temperaturas e baixa umidade, que levam ao comprometimento respiratório, fazendo com que a pessoa fique impedida”, informa Viviane Guerra.
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A fundação identificou queda de 50% nas doações do tipo O negativo e 30% no O positivo. Esse quadro é preocupante, por ser esse o grupo mais usado em cirurgias de emergência. Pessoas com tipo O negativo são consideradas doadoras universais, sendo possível fazer a transfusão para todos os tipos sanguíneos (O, A, B e AB, tanto positivos quanto negativos). “O tipo O negativo é o mais usado para emergências. No entanto, apenas 5% da população têm esse tipo sanguíneo”, diz.
“Esses dois grupos (O%2b e O-) atendem à maior parte das emergências dos hospitais. Não podemos deixar a queda se prolongar. Então, estamos conclamando a população a doar”, reforçou a gerente da Hemominas. Doadores com o tipo O têm inclusive atendimento preferencial.
Por pertencer a esse grupo e ter cadastro na Hemominas, o analista de sistemas Luciano Gonçalves Rodrigues, de 25 anos, foi chamado pela fundação para doar. “No ano passado, senti a necessidade de doar, e fui. Este ano tinha esquecido, mas me ligaram e disseram que estavam precisando”, contou. Apesar da vida corrida, Luciano avalia que vale a parada na rotina para fazer a boa ação. “Eu me sinto bem. Não tenho contato com quem vai receber, mas fico feliz em saber que meu sangue ajuda muita gente”, disse. E ainda deixou o recado para os não-doadores: “Não precisa ter medo, é um procedimento muito bem feito. Todos são bem tratados e ainda têm certeza de fazer o bem ao próximo”.
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Postos de coleta
Em todo o estado são 20 postos de coleta. Em Belo Horizonte, a unidade fica na Alameda Ezequiel Dias, no Bairro Santa Efigênia, na Região Leste. Para doar, a pessoa deve estar com boa saúde e precisa ter idade entre 16 e 69 anos. Jovens de até 17 anos precisam ser acompanhados do responsável legal ou portar autorização. Também é preciso que a pessoa tenha mais de 50 quilos.
A doação não pode ser feita em jejum. Quem vai doar pela manhã deve tomar café normalmente. Quem vai doar à tarde deve fazê-lo três horas depois do almoço. “A alimentação do almoço é mais gordurosa e interfere nos exames”, acrescenta Viviane Guerra. A doação pode ser agendada no site www.hemominas.mg.gov.br. (Colaborou Déborah Lima, estagiária sob supervisão do editor Roney Garcia)
Efeito colateral
Como a dengue e o sarampo exercem impacto sobre os estoques de sangue
Dengue
» Aumenta a demanda por sangue e hemoderivados, reduzindo o volume armazenado
» Pacientes com a forma clássica não podem doar até 30 dias depois de superados os sintomas
» Pacientes com a forma hemorrágica ficam impedidos de doar por seis meses após a cura
Sarampo
» Pacientes com suspeita ou confirmação da doença não podem doar. Quem é diagnosticado só pode fazer a doação 21 dias após a cura
» Pessoas que são vacinadas ficam impedidas de doar por quatro semanas. Por isso, a Fundação Hemominas recomenda que candidatos façam a doação antes de se imunizar
Como doar
» A idade para doação de sangue é entre 16 e 69 anos. Jovens de até 17 anos e maiores de 60 anos devem consultar condições especiais em www.hemominas.mg.gov.br.
» O agendamento pode ser feito on-line, pelo site ou pelo MG app, aplicativo para smartphones que dá a diversos serviços públicos estaduais
» Quem já doou deve observar prazos até a doação seguinte. Homens: 60 dias e até quatro vezes por ano; mulheres: 90 dias e até três vezes por ano.
» É preciso comparecer à unidade com, no mínimo, 15 minutos de antecedência em relação ao horário agendado
Fonte: Fundação Hemominas
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