A negociação durou toda a tarde e parte da noite. Depois de conversas entre lideranças dos membros da segurança pública com representantes do governo, secretários levaram a proposta de helicóptero até as mãos do governador Romeu Zema (NOVO). Mas, a proposta não agradou, e provocou indignação entre os presentes.
"O governo se comprometeu a repôr as perdas, inclusive com inflação, daqui para frente. Mas ela é inaceitável, porque não deu índice nenhum. O início da reposição seria em setembro de 2020. Nós não temos condições de esperar mais", disse Domingos de Mendonça tenente-coronel da reserva da PM, que coordena o movimento de defesa dos direitos dos operadores de segurança pública.
As forças de segurança reivindicam a reposição das perdas inflacionárias, que segundo os representantes das categorias, está na ordem dos 28,63%. Também pedem ao governo o pagamento integral das férias-prêmio.
Uma grande mobilização é esperada para a próxima quinta-feira, às 14h, novamente na Cidade Administrativa. As lideranças têm expectativa de mais pessoas comparecerem ao ato.
Repercussão na ALMG
Deputados estaduais participaram da negociação junto ao Governo de Minas. Sem um acordo, segundo o deputado estadual Sargento Rodrigues (PDT), as pautas do governo serão travadas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Entre elas, a proposta de recuperação fiscal. “Nós não vamos deixar passar o regime de recuperação fiscal. Ai ele escolhe, ou ele negocia com a gente, ou nós travamos na assembleia e vamos enfrentar ele aqui”, disse o parlamentar sobre o secretário de Governo de Minas, Bilac Pinto, que assumiu o cargo recentemente.
“Eu dei minha palavra. A partir de amanhã (terça-feira) estarei emendando todos os projetos do Governo e obstruindo todos os projetos. E olha, ao longo de cinco mandatos, eu aprendi a fazer isso bem. E o governo vai ter que me enfrentar na assembleia”, completou o parlamentar.
Posicionamento do Governo
Por meio de nota, o Governo de Minas reconheceu as perdas salarias acumuladas das forças de segurança entre janeiro de 2015 e agosto de 2019, no percentual de 28,82%. Informou, ainda, que assume o compromisso de recompor as perdas inflacionárias apuradas entre setembro de 2019 e dezembro de 2022. O pagamento começaria em setembro de 2020, e março de 2023.
“A grave situação econômica, com restos a pagar de R$ 34,5 bilhões e um déficit orçamentário projetado para 2019 de R$ 15 bilhões, infelizmente torna inviável a fixação antecipada dos índices de reajuste a serem concedidos. No entanto, atendendo às reivindicações, o Governo assume o compromisso fazer a recomposição das perdas inflacionárias mencionadas com o seguinte cronograma, quando, a cada ano, serão anunciados os índices aplicáveis: 1) setembro de 2020; 2) setembro de 2021; 3) setembro de 2022; e 4) março de 2023”, afirmou.
“Infelizmente, não é possível iniciar esse cronograma imediatamente. Um aumento nas despesas do Estado representaria agravar a falta de medicamentos para a população, precarizar ainda mais a prestação de serviços nas áreas de educação e na própria segurança pública”, completou.
Por fim, o governo reiterou o pedido “compreensão das nossas forças de segurança, dos valorosos servidores que desempenham um papel fundamental para a manutenção da ordem e da diminuição da criminalidade”.
A mobilização
A manifestação começou pontualmente às 14h. Com blusas brancas e bandeiras do Brasil, servidores da segurança pública iniciaram o protesto cantando o Hino Nacional e rezando a oração do Pai Nosso. O tenente-coronel Domingos de Mendonça, afirmou que servidores aguardariam até as 16h40 por uma posição do Governo de Minas. Minutos antes do tempo-limite, uma comissão entrou para as dependências da Cidade Administrativa para negociar. A reunião demorou cerca de 50 minutos e terminou com a promessa de apresentação do cronograma de reajuste. As propostas foram divulgadas por volta das 21h, e não agradaram.