Jornal Estado de Minas

Zona 30: BHTrans aposta em áreas de redução de velocidade para segurança de ciclistas

O Plano de Mobilidade por Bicicleta de Belo Horizonte (PlanBici) traz cinco diretrizes principais, sendo que duas delas têm relação direta com a convivência entre bikes e o trânsito. “Assegurar o conforto e a segurança de quem pedala em Belo Horizonte” e “promover a mudança do comportamento dos motoristas perante a presença dos ciclistas no trânsito, através de campanhas educativas” são objetivos que, se cumpridos, trarão uma nova realidade nos deslocamentos da cidade.

E para chegar a esses objetivos, as ações previstas no plano passam pelas campanhas educativas e pela implantação de áreas de redução de velocidade, conhecidas como Zona 30. No primeiro caso, desde que o PlanBici foi construído ainda não foi desenvolvida nenhuma grande campanha educativa voltada exclusivamente às bicicletas.

Segundo a coordenadora de Sustentabilidade e Mobilidade da BHTrans, Eveline Trevisan, as bikes estiveram presentes em uma campanha maior sobre mobilidade, mas mais uma vez a crise econômica fechou a torneira dos recursos e por isso ainda não saiu do papel nenhuma grande ação exclusiva.
Segundo o site Planbici.org, que faz o monitoramento das ações do plano, no eixo Comunicação, Educação e Mobilização nenhuma das 15 ações que deveria estar concluída no 3º trimestre de 2019 está pronta. Até 2020 estão previstas 31 ações e a situação atual aponta seis em andamento e 25 não iniciadas.

Já no ponto de redução de velocidade, Eveline Trevisan sustenta que houve avanços com a implantação de exemplos da chamada Zona 30 na cidade. Segunda ela, criar uma Zona 30 não significa só reduzir a velocidade com a sinalização para 30km/h. “Para que a rua se transforme em uma área, de fato, segura é necessário estudá-la e propor soluções de redesenho para que a própria rua não induza às altas velocidades”, afirma. Dessa forma, uma série de medidas moderadoras de tráfego devem ser usadas, como alargamento das calçadas com destaque para área de pedestres, principalmente nas interseções, implantação de travessias elevadas e alterações na geometria da via, como seu estreitamento, redução dos raios de giro, implantação de rotatórias, dentre outras.

Nesse sentido, Eveline aponta que há avanços consideráveis não só físicos, com mudanças estruturais, mas também de mobilização da cidade. Entre os avanços físicos, ela aponta mudanças que já começaram a ser feitas na Rua Gonçalves Dias com a Avenida Brasil dentro do que a BHTrans considera de Zona 30 da Savassi, que ainda vai avançar pela Gonçalves Dias até a Avenida Afonso Pena, se conectando com a ciclovia da Rua Professor Moraes.

Outro exemplo é a área hospitalar, que ela considera o mais avançado.
“Tem várias intercessões já implantadas. Ela não está considerada concluída, mas do ponto de vista do número de intercessões tratadas ela é a mais abrangente e a que mais avançou”, afirma. Todas as mudanças na região foram feitas para reduzir a velocidade para 30km/h, privilegiar o pedestre, diminuir as áreas de travessia nas intercessões. Avanço de calçadas nas esquinas, diminuição de área de travessia. “A gente está fazendo um projeto muito legal para a Ceará, que vai virar, inclusive, para a Francisco Sales tratando a travessia em frente à Santa Casa, que hoje é supercomplicada com o tempo muito baixo para o pedestre”, afirma.

Por fim, ela destaca a entrada das áreas de Zona 30 nos bairros. O primeiro bairro que recebeu de forma temporária foi a Rua Simão Tamm, no Bairro Cachoeirinha. A BHTrans já começou a implantação da estrutura definitiva e diz ter recebido retornos positivos da população sobre a nova realidade.
O Bairro Confisco, na Região da Pampulha, também vai receber uma Zona 30 durante a Semana da Mobilidade e essa movimentação atraiu a organização do Circuito Urbano de Arte (Cura). A BHTrans foi procurada para fazer algo semelhante na Rua Diamantina, na Lagoinha, onde termina hoje a segunda edição do festival. O objetivo é transformar a via em uma nova Rua Sapucaí, como mirante para os novos painéis que serão pintados na Avenida Antônio Carlos.

“Esse é o nosso objetivo, que a cidade começasse a pedir que a gente implantasse esse tipo de intervenção. Desse jeito, você começa a gerar um movimento na cidade que é o amadurecimento que a gente espera que a cidade tenha. São as pessoas nos pedindo para que a gente implemente projeto dessa natureza. Para de ser a BHTrans brigando com a cidade dizendo que isso é necessário e a cidade compreendendo como esses projetos são benéficos”, completa Eveline Trevisan.

Mobilidade no pedal

Na primeira reportagem da série Desafio Bike BH, publicada no domingo, o Estado de Minas mostrou que parte dos 90 quilômetros de ciclovias da cidade se encontra em situação precária. Na edição de ontem, o enfoque foi como a insegurança em bicicletários ou a ausência deles em estações de ônibus e metrô encarecem deslocamentos.



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