A investigação busca desmontar organização criminosa, que atua em diversas regiões de Minas: Sul de Minas, Região Metropolitana de Belo Horizonte e no Norte de Minas. "Dentro da investigação, surgiu a informação de que, no município de Lassance, às margens do Rio das Velhas, viveria um indivíduo de apelido Deca e com a possibilidade de ele guardar drogas no local", informou o delegado Rodolpho Tadeu Machado, da 2ª Delegacia do Denarc.
Deca vivia em sítio às margens do Rio das Velhas e não dava qualquer indício de que havia sido condenado a 14 anos de prisão pelo assassinato de Ana Maria Pereira Rodrigues. O crime foi cometido em 2002 no Aglomerado Santa Lúcia, na região Centro-sul de Belo Horizonte. "José Moreira residida com a esposa. Após uma discussão fútil, ele desferiu vários tiros contra ela. Um crime que conta com quase 20 anos e só agora ele vai cumprir o seu débito com a Justiça", informou o delegado Rodolpho. Ele lembra que na época o homicídio foi testemunhado pelo filho do casal. "Só agora adulto que o filho verá a Justiça ser concretizada", disse.
Quando Deca foi condenado pela Justiça ainda não havia no Código Penal a tipificação de feminicídio, homicídios motivados pela questão de gênero, embora tenha sido o que ele cometeu. Nas alegações dele à Justiça, o assassino ainda tentou colocar a responsabilidade na vítima. "O casal teve uma discussão banal. Ele disse à Justiça que ela provocou, desmerecendo a condição dele como homem. Ele se sintiu humilhado e tomado por paixão e atirou nela", informou o delegado Rodolpho.
Para não ser preso, ele se apresentava como auxiliar de pedreiro. "O sítio dele era bom e contava com vários lotes, que não condiziam com a atividade profissional, ele fazia pequenos serviços de pedreiro", disse. O fato de Deca ter posses não compatíveis com a renda levou a polícia a investigar o envolvimento dele com tráfico de drogas. "Ele respondeu pelo artigo 33 do Código Penal em Ribeirão das Neves", contou o delegado.
Os agentes da Polícia Civil não encontraram droga na casa de Deca. "Infelizmente, não tivemos êxito em arrecadar as drogas, mas a nossa equipe está atenta a esse caso. Logo, logo, chegaremos a arrecadação de drogas." O delegado Rodolpho disse que, no momento da prisão, Deca estava tranquilo e "desacreditava que poderia pagar pelo homicídio" cometido em 2002.
À imprensa, Deca afirmou que se arrependeu do crime e que, nestes 17 anos, dedicou-se ao trabalho.