Pais que precisam vacinar seus filhos com a vacina Pentavalente estão tendo que peregrinar pelos postos de saúde de Belo Horizonte. A vacina que imuniza bebês a partir de 2 meses contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e meningite está em falta em diversas unidades da capital.
Para ser imunizadas, as crianças devem tomar três doses da vacina, aos 2, aos 4 e aos 6 meses, além de uma "dose reforço". Mensalmente, o Ministério da Saúde envia 80 mil doses à Secretaria Estadual de Saúde, que faz o repasse aos municípios, conforme demanda regional. No entanto, a secretaria informou que, até o momento, não recebeu as últimas remessas das doses da Pentavalente.
Michelle Galvão, de 29 anos, foi com seu bebê até o posto de Saúde Rio Branco, na Região de Venda Nova, e foi informada de que a vacina está em falta na unidade. E realmente não está fácil encontrar a vacina. A reportagem entrou em contato com 15 postos de saúde das nove regionais da capital e apenas três delas ainda tinham doses disponíveis.
A Secretaria Municipal de Saúde afirma que ainda há estoque remanescente da vacina. Por esse motivo, ainda é possível encontrar a pentavalente em algumas unidades de saúde da capital. Como o abastecimento está comprometido desde julho, a tendência é de que a situação piore e a falta pode ser generalizada na cidade.
Para quem pode pagar pela vacina, uma opção é procurar por laboratórios e clínicas particulares, onde a dose da Pentavalente está disponível ao valor médio de R$ 252, de acordo com pesquisa feita pelo site Mercado Mineiro.
Joelma de Oliveira Paula Monteiro, de 34, conseguiu dar as duas primeiras doses para a sua filha de 6 meses. Entretanto, desde quinta-feira passada está em busca da terceira dose na rede pública. Moradora de Santa Luzia, na Região Metropolitana de BH, ela afirma ter ligado para vários postos da região e da capital, mas ainda não teve sucesso. Na visão dela, falta informação nos postos de saúde: "Liguei para vários postos e descobri por conta própria que a vacina estava em falta, não tinha em nenhum deles. E o pior é que eles não falam nada, não dão nenhuma recomendação. Apenas uma funcionária me disse para tentar em outras unidades".
Joelma chegou a cogitar a possibilidade de buscar a rede particular. "Eu até pensei em pagar pela vacina. Liguei em uma clínica e me disseram que custa R$ 250. Mas, com esse valor, não dá", completou.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que a pentavalente está em falta em todo o país. A vacina é adquirida por intermédio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), mas foi reprovada em teste de qualidade feito pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) e pela análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Assim, as compras com o antigo fornecedor foram interrompidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
As novas doses começaram a chegar de forma escalonada. A previsão é de que o abastecimento volte à normalidade somente a partir de novembro.
Unidades de Saúde contatadas pela reportagem
Não têm a vacina:
Centro de Saúde Betânia
Centro de Saúde Cabana
Centro de Saúde Ventosa
Centro de Saúde Serrano
Centro de Saúde Felicidade I
Centro de Saúde Alto Vera Cruz
Centro de Saúde Barreiro
Centro de Saúde Maria Goretti
Centro de Saúde Padre Eustáquio
Centro de Saúde Padre Tarcísio
Centro de Saúde Céu Azul
Centro de Saúde Rio Branco
Têm a vacina:
- Centro de Saúde Capitão Eduardo
- Centro de Saúde Bom Jesus
- Centro de Saúde Itamarati**
**Restavam poucas doses.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Frederico Teixeira.