
O tempo seco bate recorde em Belo Horizonte, o clima de deserto domina regiões do estado e o fantasma da escassez de água começa a assombrar cidades mineiras. A capital teve ontem o índice de umidade relativa do ar mais baixo do ano – 13%, segundo a medição do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet/5º Disme). O estado é de alerta, conforme preconiza a Organização Mundial de Saúde (OMS). Já a Defesa Civil de BH divulgou que o índice atingira 12%, configurando estado de emergência. Trata-se de novo recorde de secura em setembro e no ano: no dia 13, a temperatura máxima atingiu 36,4 graus, enquanto a umidade relativa do ar esteve na casa de 14%. Ontem, a máxima foi de 34,5 graus.
O Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), vinculado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), publicou a Portaria 45, que declara situação crítica de escassez hídrica superficial no Rio das Velhas, na porção hidrográfica localizada acima da estação fluviométrica Santo Hipólito, na Região Central de Minas, a 232 quilômetros de BH. O trecho inclui parte do leito até o município de Santo Hipólito, além de sua bacia de contribuição.
Situação mais preocupante porque, por enquanto, não há previsão de chuva – só mesmo de calor. Ainda segundo o Inmet, a “chapa está quente” em várias regiões de Minas. A máxima prevista é de 40°C no Triângulo e no Norte do estado. Cidades nessa última região enfrentam clima com características de deserto. Sem chuva há mais de 100 dias e com temperaturas na faixa dos 40°C, os índices de umidade do ar também estão na casa dos 12%, o que deixa a região em estado de emergência. Já o Sul de Minas teve a temperatura mais baixa: mínima de 11°C, em Monte Verde, distrito de Camanducaia.
Cuidados

Na capital, o alerta de baixa umidade emitido pela Defesa Civil na segunda-feira segue até amanhã. Ontem, termômetros registraram mínima de 17°C. Para hoje, a mínima prevista é de 18°C e a máxima, de 35°C.
Na Zona da Mata, Rio Doce, Mucuri e Jequitinhonha, o tempo fica parcialmente nublado a claro. Nas demais regiões do estado, a previsão é de céu claro, com névoa seca – causada pela associação entre a massa de ar e a poluição. O fenômeno pode ficar ainda mais denso e incômodo, caso haja incidência de queimadas, muito comuns nesta época do ano.
A hidratação é uma grande aliada no combate ao desconforto causado pelo clima. Reforçar a ingestão de líquidos é essencial, principalmente para crianças e idosos. Para o ambiente, o uso de umidificadores de ar ou bacias de água pode ajudar.
Com o tempo seco, o período recomendado para a prática de atividades físicas é antes das 10h e após as 17h. Outras orientações são usar roupas leves, fazer refeições leves, usar sombrinha ou guarda-chuva para andar ao ar livre no período mais quente, além de se hidratar bastante e usar filtro solar.
Escassez hídrica
Conforme o Igam, a situação crítica em parte do Rio das Velhas foi identificada via monitoramento dos níveis do leito, que apontaram vazões abaixo de 70% da referência Q7,10. Tecnicamente, trata-se do índice que orienta a autorização de uso dos recursos hídricos em Minas. Ele representa a vazão mínima que ocorre no curso d’água durante sete dias consecutivos, em um período de 10 anos.

Conforme o Igam, além do trecho da Bacia do Rio das Velhas, quatro cursos d'água tiveram porções com declaração de situação de escassez hídrica a partir de junho: rios Paraopeba, Suaçuí, Araçuaí e Paracatu. Ações fiscais da Semad para verificação do cumprimento das restrições estão em andamento. “Minas passa por um período de estiagem prolongado e a Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, bem como outras no estado, está com baixas vazões, o que caracteriza situação crítica. A decretação de escassez, determinada pelo Igam, é uma medida preventiva que busca a segurança hídrica, para manutenção de todos os usos”, afirma a diretora-geral do instituto, Marília Melo.
Ela ressaltou que a redução percentual de uso da água outorgada não implica, necessariamente, redução do fornecimento de água a moradores dos municípios da porção hidrográfica, já que a gestão do fornecimento é feito pela instituição prestadora do serviço de abastecimento. *Estagiária sob supervisão do editor Roney Garcia