A discussão sobre mais espaço para as bicicletas em Belo Horizonte ganha força a partir do momento em que a cidade vive a realidade das bikes compartilhadas, seja em estações fixas ou soltas de forma individual. Nessa questão, a capital mineira ainda tenta consolidar um serviço de bicicletas alugadas por aplicativo a partir de uma mediação do poder público. Por um lado, a cidade andou para trás na oferta das bikes retiradas em terminais fixos, já que as 40 estações que vigoraram durante cinco anos de contrato com a Serttel e patrocínio do Itaú viraram um novo convênio com apenas 14 estações e todas restritas à orla da Lagoa da Pampulha. Em outra ponta, a cidade assistiu em 2019 à chegada das bikes que ficam fora de terminais, fornecidas pela empresa Yellow, que ainda estão restritas às regiões Centro-Sul, Pampulha e também podem ser retiradas no Bairro Vila da Serra, em Nova Lima, na Região Metropolitana de BH. A BHTrans aposta na republicação, ainda em 2019, de dois chamamentos públicos, um para cada tipo de bike, como forma de incentivar as empresas a oferecerem o serviço em todas as regiões da cidade.
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Neste momento, a BHTrans trabalha para republicar não só o chamamento das bikes em terminais fixos, mas também das bicicletas sem o sistema de docas, que hoje é fornecido apenas pela Yellow. A própria Yellow chegou a participar desse chamamento, mas foi inabilitada pela prefeitura por problemas em documentos, o que mostra que a empresa tem interesse de participar do processo capitaneado pela BHTrans. “Nosso objetivo é que a gente tenha bicicletas compartilhadas na cidade toda ou pelo menos em grande parte dela, porque é o sistema é responsável pelo aumento da cultura da bike sem dúvida nenhuma. Você não precisa ter sua própria bicicleta para experimentar pedalar, não precisa fazer esse investimento. Você pode fazer integração modal de forma mais eficiente”, acrescenta Eveline Trevisan.
A avaliação da prefeitura neste momento é que vale mais a pena trazer mais empresas para fornecer os serviços do que manter contrato de exclusividade com uma única companhia. “Estamos tratando no chamamento de corrigir aquilo que achamos que foi equívoco na última licitação, como garantir a relação bicicleta por vaga de forma mais ideal”, completa a coordenadora de Sustentabilidade e Mobilidade da BHTrans.
Mobilidade no pedal
A série Desafio Bike BH é publicada desde domingo pelo Estado de Minas, cujos repórteres mapearam os 90 quilômetros de ciclovias já implantados da capital, além de problemas e atraso nos projetos para a área. A primeira reportagem mostrou que parte das pistas exclusivas se encontra em situação precária. Na segunda-feira, o EM indicou como a insegurança em bicicletários ou a ausência deles em estações de ônibus e metrô encarecem os deslocamentos. A edição de terça revelou que os adeptos das pedaladas são vítimas de 2,6 acidentes a cada dia, causados sobretudo pela disputa de espaço com veículos. Conflito semelhante ao enfrentado na maior ciclovia de BH, na Pampulha, onde a BHTrans pretende elevar um trecho de 7,5km para tirar os ciclistas do mesmo nível dos carros, como revelou ontem a penúltima reportagem da sequência.
Compartilhamento restrito
» Belo Horizonte tem hoje um único serviço de bicicletas compartilhadas funcionando. Ele é fornecido pela empresa Yellow. As bikes ficam estacionadas fora de estações fixas. Elas estão disponíveis nas regiões Centro-Sul, Pampulha e também no Bairro Vila da Serra, em Nova Lima
» O valor é R$ 1 a cada 10 minutos de uso
» Em 8 de setembro, a empresa Serttel inaugurou serviço de bikes compartilhadas em 14 estações da orla da Pampulha, por meio de patrocínio da Unimed
» O serviço custa R$ 2 pelo passe de 30 minutos ou R$ 15 por 30 dias de uso
» A BHTrans quer ampliar os dois serviços na cidade e está concluindo estudos para republicar dois chamamentos públicos, um para cada tipo de serviço