Num país onde as rodovias federais registram 14 mortes a cada dia, Minas Gerais desponta como destaque em um cenário trágico: o estado é campeão em número de mortes e de acidentes nas vias de responsabilidade da União, e se mantém à frente quando o assunto é o custo desses desatres. Os dados constam do Painel CNT de Consultas Dinâmicas de Acidentes Rodoviários, publicação da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgado nesta quinta-feira.
Em números absolutos, as BRs que cortam o estado registraram 7.214 acidentes no ano passado, que resultaram na morte de 693 pessoas. O levantamento foi feito com base em informações da Polícia Rodoviária Federal referentes às ocorrências entre 2007 e 2018. Nesse período, foram registrados 250.140 acidentes, sendo quase metade deles (114.673) com vítimas. Somente em 2018 houve 69.206 desastres, dos quais 53.963 tiveram vítimas. Em praticamente 10% deles (5.269) elas perderam a vida. Nos 12 anos analisados pela CNT, o Brasil teve 1,7 milhão de acidentes nas rodovias federais, sendo 751,7 mil com vítimas e 88,7 mil mortes.
Os dados mostram também que as regiões com os maiores índices de acidentes com vítimas são Sudeste e Sul. São 82 acidentes com mortos ou feridos a cada 100 quilômetros de rodovia federal no Brasil, sendo as BRs 116 e 101 as que mais matam no país – 8.896 e 7.524 registros no ano passado, respectivamente. Se forem consideradas as mortes, essas duas rodovias também permanecem nos primeiros lugares (BR-116 com 649, e BR-101 com 615).
Minas acompanha a média nacional – foram 81 acidentes a cada intervalo de 100 quilômetros de estrada. Se em âmbito nacional a BR-381 está em terceiro lugar entre as que registram a maior quantidade de acidentes no país, nas Gerais ela faz jus ao triste título de “Rodovia da Morte”, que batiza seus quilômetros mais perigosos, entre Belo Horizonte e João Monlevade. Na malha rodoviária federal mineira, ela tem destaque negativo absoluto, com 2.213 acidentes com vítimas no ano passado e 171 mortes. A BR-040, que liga Brasília ao Rio, passando por Belo Horizonte, vem na sequência, com 1.420 acidentes e 130 óbitos.
De acordo com o levantamento, colisão é o tipo mais comum de acidente com vítimas, causados, na maior parte, por automóveis (64,6%). Em Minas, as colisões são responsáveis por 50,3% dos acidentes e 65,3% dos óbitos, indicam as estatísticas da CNT.
O custo anual estimado dos acidentes nas rodovias federais também impressiona: são R$ 9,73 bilhões jogados no asfalto a cada ano. Valores que têm efeito direto nos cofres também do estado campeão das mortes em rodovias - R$ 1,26 bilhão, em 2018 (13% do total dos gastos com acidentes) – o que também coloca Minas na primeira posição do ranking nacional nesse quesito.
Motocicletas
Em território mineiro, o automóvel também foi o tipo de veículo mais envolvido em acidentes com vítimas em 2018 (63,1% do total), seguido das motos (32,7%) e dos caminhões (29,1%). Mas, apesar de representar praticamente a metade do total na distribuição de acidentes, as motos fazem Minas novamente ter números que chamam a atenção no cenário nacional.
Com uma frota de motocicletas que mais que dobrou em um intervalo de 12 anos – passou de 1.149.831 em 2007 para 2.520.486 em 2018, segundo dados do Denatran – Minas aparece em segundo lugar em total de mortes de motociclistas. Foram 120 no ano passado, quase a metade do total de toda a Região Sudeste (255).
Nesse aspecto, o estado fica atrás apenas da Bahia, onde 127 motociclistas morreram no último ano. Quando verificados os acidentes, Minas está em terceiro lugar, com 2.361, atrás de Santa Catarina (3.302) e Paraná (2.575)
Caminhões
Além do painel, a CNT lança ainda o estudo Acidentes Rodoviários com Caminhões. Em 2018, foram 12.631 acidentes com vítimas envolvendo veículos de carga. Eles ocupam a terceira posição entre veículos envolvidos em ocorrências nas rodovias federais brasileiras, com 23,4%, atrás de motos (44,4%) e automóveis (64,6%).
Durante esta semana, o Serviço Social e de Aprendizagem do Transporte (Sest/Senat) também promove ações em todo o Brasil, para sensibilizar, especialmente, os motoristas de ônibus para as regras de segurança no trânsito.