Jornal Estado de Minas

População de cidade do Centro-Oeste de Minas fica 7 horas por dia sem água

Itaúna, na região Centro-Oeste de Minas, adotou há uma semana o racionamento de água. Esse foi o caminho encontrado pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) para contornar o período de estiagem e também a sobrecarga do reservatório R7, responsável pelo abastecimento de 50% da cidade.

A falta de planejamento hídrico é um dos principais causadores do desabastecimento. Conforme o gerente técnico operacional do Saae, Gustavo Nunes, a cidade, de cerca de 93 mil habitantes, cresceu além do esperado nos últimos anos, e o sistema se mostrou insuficiente para o abastecimento, principalmente na Região Oeste. 

O reservatório tem capacidade para até 3,1 milhões de litros de água. Entretanto, passam por ele diariamente 14 milhões de litros. “Ao mesmo tempo que entra a água, ela é bombeada para abastecer os demais”, explica Nunes. 

“Esse reservatório, o R7, é uma artéria. Ele é grande e abastece os menores de outros bairros. Os bairros estão consumindo muita água, o R7 não está sendo suficiente para suprir toda essa demanda”, esclarece o gerente. 

A fase mais caótica ficou para trás. A situação, no momento, está controlada.
“Conseguimos fazer uma escala de controle de consumo em que os moradores ficam no máximo 7 horas sem água”, conta. Entre as 12h e as 19h são fechados os registros dos reservatórios com volume morto, ou seja, que estejam bombeando menos de 10% de água.

Problema vai persistir 

Mesmo com o racionamento, a falta de água continuará sendo um problema constante enquanto não for construído um novo reservatório, capaz de suprir a demanda.

No início do mês, o Saae conseguiu a autorização para financiar R$ 10 milhões para a construção de uma nova barragem, no Bairro Morada Nova, que beneficiará cerca de 60% da população da região. A lei já foi aprovada, a documentação está no Tesouro Nacional esperando aprovação para seguir ao próximo passo, a assinatura do prefeito, Neider Moreira.

O reservatório terá capacidade para 2,5 milhões de litros. Porém, segundo a autarquia, mesmo com a aprovação, a barragem demorará até dois anos para ficar pronta. Até lá, uma das soluções é o consumo consciente.

Enquanto não chove e nem há a liberação da obra, a equipe do Saae está identificando redes de possíveis vazamentos que estejam ocultos e roubando a água. “Hoje mesmo identificamos uma que influencia no abastecimento”, conta. 

Falta consciência

Enquanto a situação não é normalizada, a população vai adotando medidas paliativas. “Lavar roupa uma vez por semana, aproveitar a água da máquina para lavar o terreiro.
Estamos fazendo dessa forma”, conta o presidente da Associação de Moradores do Bairro Novo Horizonte, um dos mais atingidos, Cristiano José.

Pedindo urgência na construção da nova barragem, ele também tem a consciência de que parte do problema pode ser solucionado com ações da população. “Falta conscientização, o povo lava calçada, carro, mesmo vendo que não está chovendo”, lamenta.

A expectativa do Saae é de que o racionamento seja suspenso em outubro, quando estão previstas chuvas.

(Amanda Quintiliano e Ayllana Ferreira)
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