Minas a caminho de ter mais um bem – desta vez na categoria mista, unindo cultura e natureza – reconhecido como patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Cultura e a Ciência (Unesco). Depois de duas décadas de expectativas, será apresentada a candidatura do sítio Cavernas do Peruaçu, na Região Norte do estado, anunciou a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, ao participar, na noite de quinta-feira, da solenidade de reabertura do Teatro Municipal de Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. “Vamos dar início à elaboração do dossiê a ser enviado à Unesco, e isso leva tempo”, disse Kátia, ressaltando que o trabalho será desenvolvido em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Leia Mais
Fonte da Pampulha será religada, mas poluição ameaça turvar espetáculoReabertura do Teatro Municipal de Sabará celebra a arte e convida os brasileiros para visitar a cidade mineiraTeatro leva dose de alegria a crianças e adolescentes com câncer em hospital de BHDefesa Civil fecha trânsito na Avenida Vilarinho em simulado contra enchenteA dirigente explicou que, conforme as diretrizes da Unesco, cada país só pode fazer uma indicação por ano, alternando patrimônios culturais, naturais e mistos – desta vez, foi reconhecido como primeiro sítio misto do país o conjunto da cidade da Paraty e a Ilha Grande (RJ). Em 2020, na reunião do comitê da Unesco, na China, a candidatura será do Sítio Roberto Burle Marx (SRBM), também no Rio, com o patrimônio legado pelo paisagista brasileiro que teria completado 110 anos em agosto.
Com a definição do Iphan, autarquia federal vinculada ao Ministério da Cidadania, a candidatura de Cavernas do Peruaçu, localizadas no parque nacional administrado pelo ICMBio, nos municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões, será apresentada em quatro anos. Na ordem, se encontram o Sítio Burle Marx, Lençóis Maranhenses (MA), Conjunto de Fortificações (19 fortes e fortalezas de 10 estados brasileiros) e Cavernas do Peruaçu (2023).
Se o SRBM entrar na lista de patrimônios da humanidade, Minas e o estado vizinho ficarão com o mesmo número de bens com a chancela da instituição vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), com os benefícios de valorização do patrimônio, visibilidade internacional e fortalecimento do turismo. O desempate só virá, portanto, em 2023, quando o Peruaçu vai se juntar ao seleto grupo mineiro que inclui os centros históricos de Ouro Preto (1980) e Diamantina (1999), o Santuário Basílica do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas (1985), e o Conjunto Moderno da Pampulha (2016), em Belo Horizonte. O estado tem hoje o maior número de bens reconhecidos pela Unesco.
PRESERVAÇÃO E RENDA Um dos entusiastas da candidatura é o espeleólogo Carlos Leonardo Giunco, morador de Montes Claros, no Norte de Minas, e coordenador do projeto de candidatura de Cavernas do Peruaçu a patrimônio da humanidade, embora sem ligação com órgãos oficiais. Ele conta que a primeira ideia surgiu em 1998, embora tenha passado um período abandonada para ressurgir em 2015, com apoio da Sociedade Brasileira de Espeleologia e União Internacional de Espeleologia (UIS, na sigla em inglês).
Apaixonado pela região que reúne três biomas – caatinga, cerrado e mata atlântica – Giunco diz que a natureza e o sítio arqueológico atraem muitos visitantes e o turismo poderá ser fortalecido caso o título seja conquistado. “O fundamental é a preservação do local. Mas temos que levar em conta as oportunidades que vão se abrir, como emprego e renda. “A região não é industrializada, não há oferta de empregos. Então, o turismo poderá ajudar muito a população, a exemplo do artesanato, pousadas e outros empreendimentos.