Jornal Estado de Minas

Pampulha

Conforto no cartão-postal: bancos retornam à Igrejinha da Pampulha



Uma surpresa estará à espera dos moradores da capital e dos visitantes que forem à Igreja São Francisco de Assis, na Pampulha, a ser reaberta, em cerimônia oficial, em 4 de outubro. Depois de muitos anos guardados, os bancos originais estarão de volta ao templo, vinculado à Arquidiocese de Belo Horizonte. Para tanto, passam por obra de restauração prevista para terminar na sexta-feira. Junto dos assentos de peroba, cerejeira, cedro e marfim, são recuperadas três cátedras ou cadeiras para o arcebispo, os bispos e padres, o pedestal do sacrário, uma mesa do altar e um banco maior, também de madeira maciça.
 
Segundo a coordenadora do Memorial da Arquidiocese de BH, Goretti Gabrich Fonseca, a nave da chamada Igrejinha da Pampulha ficará com 16 bancos para cinco pessoas cada um. De início, serão levados 12 para o local, com envio posterior dos demais. Dos originais, explicou Goretti, há mais quatro bancos cuja destinação será definida posteriormente. Fechado à visitação há um ano e três meses, o templo receberá a bênção de reabertura pelo arcebispo dom Walmor Oliveira de Azevedo na manhã do dia 4, em horário a ser definido.
 
Na tarde de ontem, o marceneiro Jardel Adolpho dos Santos, residente no município vizinho de Sabará, acompanhado do ajudante Vander dos Santos, estava mergulhado no serviço de lixar os móveis para remover pinturas antigas e manchas decorrentes do uso e adaptar suportes de metal na base dos bancos a fim de deixá-los prontos. “Vamos terminar tudo até sexta-feira”, garantiu Jardel, lembrando que a recuperação inclui camada de selador e também de cera, além de colocação dos assentos.

Estofado


Com experiência de três décadas em marcenaria de arte sacra e trabalhos para muitas paróquias, Jardel mostrou as características dos bancos de igrejas e capelas, que têm peças de ferro moldadas artesanalmente, as bases de madeira para os fiéis se ajoelharem e, na parte de trás, outra peça para os fiéis colocarem os textos das missas ou livros de rezas.
Suportes de ferro receberam tinta cinza, deixando para trás o branco encardido que ainda pode ser visto em algumas peças de metal.

Na oficina improvisada na Arquidiocese de BH, as estruturas de madeira em restauro estão sem o revestimento acolchoado no tom azul acinzentado. Depois da reinauguração, que já tem confirmada a presença da presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, haverá a troca a partir de entendimento entre os órgãos envolvidos na obra.
 
Embora todo o restauro da São Francisco de Assis seja custeado pelo governo federal, via PAC Cidades Históricas, Goretti explica que a Arquidiocese de BH está responsável pela recuperação do mobiliário e restauração dos 14 quadros da via-sacra, de autoria de Cândido Portinari (1903-1962), e suporte dessas obras de arte, pelos sistemas de vigilância e de combate a incêndio e zeladoria. Haverá também uma loja no templo, mas o esquema de funcionamento ainda não foi definido.
 
Já a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) conduz o restauro dos jardins da Igreja São Francisco de Assis, um dos ícones do conjunto moderno projetado, na década de 1940, por Oscar Nimeyer (1907-2012) e reconhecido como patrimônio da humanidade. Projetados pelo paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994) – no total, são cerca de 12 mil metros quadrados –, os jardins recebem mudas do Viveiro Burle Marx, implantado no Jardim Botânico, na Pampulha, tendo sido formada também uma força-tarefa, na PBH, para mão de obra. À frente dos trabalhos está a diretora de Gestão e Educação Ambiental da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB), Laura Mourão. Toda a empreitada é acompanhada pela Superintendência do Iphan.
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