Jornal Estado de Minas

Autoridades apuram intoxicação de mais de 100 pessoas em festa em Sabinópolis

Hospital divulga folder com os materiais que estão faltando no estoque (clique para ampliar) - Foto: Reprodução da internet/Facebook

A prefeitura de Sabinópolis, no Vale do Rio Doce, e a Polícia Civil aguardam os resultados dos exames que podem mostrar as causas da intoxicação alimentar que levou mais de 100 pessoas  aos hospitais do município e de Guanhães no último fim de semana. Pacientes com os mesmos sintomas lotaram a instituição entre a noite de sábado e a madrugada de domingo após comerem em uma festa que ocorria na zona rural da cidade. Foram tantos atendimentos que faltaram remédios e outros materiais, que o hospital está repondo com ajuda de doações.

No início da tarde de segunda-feira, a auxiliar-administrativo do Hospital São Sebastião, Tanila de Pinho Andrade ainda fazia o levantamento de pacientes atendidos desde que o surto começou. “Ainda estou fazendo a contagem porque não tinha como fazer a ficha de ninguém. Fui colhendo os documentos, mas não era todo mundo que tinha”, explicou a funcionária ao Estado de Minas. Ela foi uma das pessoas que participou dos atendimentos no domingo. Nesta terça-feira, ainda não há conta exata, mas funcionários estimam que foram aproximadamente 120 atendimentos, e hoje algumas pessoas ainda procuraram a unidade. 

Segundo Tanila, os primeiros pacientes começaram a chegar no fim da noite. “Pessoas com vômito e muito desesperadas, querendo atendimento na hora, mas o hospital é pequeno”.
Ela explicou que a equipe noturna é menor e o número de pacientes surpreendeu. Algumas pessoas que chegaram à unidade preferiram ir para Guanhães, a 20 quilômetros da cidade.

Foi preciso convocar enfermeiros que não estavam de serviço, profissionais de outras unidades de saúde e faxineiras para ajudar as dezenas de pacientes. Todo os leitos ficaram lotados e ainda havia muita gente para ser atendida, além da movimentação dos acompanhantes.



Segundo Tanila, as pessoas contaram que participavam de uma festa de aniversário da comunidade de Córrego do Correntinha. “As pessoas falam que foi uma farofa. Tanto que ontem eu vim à tarde e ainda estava chegando gente falando que comeu duas colheres e passou mal”, disse. As pessoas apresentavam vômito, náuseas, dor de cabeça e mal-estar generalizado. No domingo, a Secretaria Municipal de Transportes da cidade enviou uma van ao povoado para buscar pacientes que não tivessem conseguido ir ao hospital de carro.

Hospital pede doações


O soro e outros medicamentos que deveriam manter o hospital por um mês acabaram.
Diante da situação, foi lançada uma campanha para arrecadar os medicamentos e demais produtos. A semana começou com o atendimento normalizado e o hospital já recebeu diversas doações, mas ainda está aceitando insumos. Algumas pessoas atendidas no fim de semana voltaram hoje ainda passando mal. “Vai fazer 10 anos que trabalho aqui. Nunca teve um surto assim”, comentou a funcionária do hospital. 

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Sabinópolis informou que apesar de inesperada, a situação foi contornada e todos os pacientes foram atendidos em tempo hábil, evitando uma situação mais grave. “Foram realizadas pela Vigilância Sanitária e Epidemiológica coletas de alimentos que foram servidos além de outros materiais para análise laboratorial. Esse material foi enviado à FUNED (Fundação Ezequiel Dias) para análise e somente mediante resultado a Secretaria de Saúde poderá se manifestar a respeito das possíveis causas”, diz a nota. 

Polícia Civil acompanha o caso


A intoxicação dos participantes da festa gerou um boletim de ocorrência. De acordo com a Polícia Civil, entre as vítimas estão crianças, adolescentes e idosos.
O proprietário do imóvel onde a festa ocorria também teria passado mal e levado a um hospital em Guanhães. 

“A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), por não ter sido acionada, inicialmente, aguarda o recebimento de parte da amostra colhida pela Vigilância Sanitária, para providências legais cabíveis. Caso, depois de realizada perícia, for constatado se tratar de possível envenenamento, será instaurado inquérito policial para apuração dos fatos, bem como investigações sobre os possíveis autores e consequente conclusão sobre a existência de crime”, informou a instituição, por meio de nota. “A PCMG, através da 2ª Delegacia Regional de Guanhães, segue em contato com os órgãos envolvidos neste caso, para dar seguimento aos trâmites legais”, finaliza da Polícia Civil. 
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