Quarenta e seis pessoas foram presas ontem numa megaoperação desencadeada pelo Ministério Público em conjunto com Polícia Militar em nove cidades mineiras e em três municípios paulistas. Entre os presos, seis foram detidos em flagrante. A quadrilha, investigada há seis meses, é acusada de cometer quase 20 crimes nos dois estados, de falsificação de documentos, passando por cárcere privado até homicídios. Policiais civis fazem parte do grupo de acusados. A suspeita é de que as fraudes tenham rendido milhões.
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Operação mira agentes públicos envolvidos com quadrilha em Minas e São Paulo Crise das barragens: veja planos para que 1,2 mil voltem para casa em três cidadesLaboratório clandestino expunha vizinhos ao risco de explosão em área nobre de BHAs equipes foram para as ruas para cumprir 42 mandados de prisão e 71 de busca e apreensão expedidos pela Justiça Estadual em Patos de Minas. De acordo com a PM, os agentes públicos que integram a quadrilha atuam em Patos de Minas e São Paulo. Os criminosos praticavam homicídios, concussão, corrupção, prevaricação, falsidade ideológica, furto e roubo de veículos, de cargas, de fazendas, de estabelecimentos comerciais, receptação e adulteração de sinais identificadores de veículos, cárcere privado, inserção de dados falsos em sistemas de informações da administração pública, lavagem de capitais, falsificação e venda de documentos públicos.
A investigação começou em março e resultou na prisão do mandante e dos executores de um homicídio, que foi o pano de fundo para as apurações. “O Gaeco foi acionado para prestar apoio a um colega de Carmo do Paranaíba e, ao longo das investigações, vimos que havia uma grande e complexa organização criminosa, que se subdividia em diversos núcleos e grupos e em organizações menores, especializadas em vários tipos de crimes”, explicou o coordenador do Gaeco em Patos de Minas, promotor Paulo César de Freitas.
Segundo ele, havia duas principais organizações. A primeira atuava na prática de roubo de cargas e veículos e a outra, chefiada pelo mesmo agente na “legalização” de documentos de veículos junto ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran). “Eles eram esquentados por despachantes em BH, São José do Rio Preto e São Paulo, com envolvimento de alguns agentes públicos”, explicou o promotor.
Das organizações menores, um núcleo se concentrava em furtos em estabelecimentos comerciais em Patos: objetos de grande valor, como joias, mercadorias importadas e dinheiro. “Havia envolvimento de agentes públicos, inclusive da coordenadora do Renavam do Detran de São Paulo e de pelo menos um policial civil em Patos de Minas”, informou Paulo de Freitas.
Também foi identificado um “esquema de enriquecimento ilícito por meio da obtenção de vantagem indevida, os quais deliberadamente e com estabilidade, se uniram para garantir a perpetuação de ações criminosas diversas”, segundo a PM. Participaram da operação 270 policiais militares, além de duas aeronaves, drones, cães, equipes do Gaeco, promotores de Justiça, analistas do Ministério Público e servidores do Judiciário.
Dos mandados expedidos, 71 de busca e apreensão foram cumpridos e 40 prisões executadas. Foram presos preventivamente a coordenadora do Detran de São Paulo e policial de Patos. A busca na casa de policiais civis resultou na prisão de três deles em flagrante. Dois pagaram fiança e foram soltos.
Os agentes apreenderam 33 veículos, 133 celulares, oito armas de fogo, 310 munições, 50 computadores e R$ 265.456,95. Procurada para se manifestar sobre o caso, a Polícia Civil de Minas informou que informações deveriam ser obtidas com o Ministério Público.