Após 112 dias de estiagem severa e muitos altos e baixos – temperaturas máximas batendo recorde e quedas vertiginosas na umidade relativa do ar, seguida de termômetros despencando –, os belo-horizontinos tiveram, ontem, terceiro dia da primavera, um refresco para respirar melhor, trabalhar mais tranquilos e caminhar pelas ruas sem suar em bicas. A chuva chegou à cidade acentuando a baixa de temperatura e acenando com a possibilidade de fim dos incêndios que deixaram o ar quase irrespirável e matas em cinzas. De terça para ontem, a temperatura caiu 7 graus. E, para quem estava ansioso pelo tempo chuvoso, um aviso: vem mais por aí.
Conforme especialistas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet)/5º Disme em BH, a precipitação e o vento favoreceram a sensação de frio, tanto que, além dos guarda-chuvas e sombrinhas, os casacos, moletons de capuz e gorros coloridos saíram do armário para desfilar pelas ruas. “Nos pontos mais altos da capital, as rajadas de vento ficaram fortes, diminuindo a sensação térmica”, explicou o meteorologista Claudemir Azevedo.
Ainda segundo ele, a chuva que atinge pontos da Região Metropolitana de Belo Horizonte decorre da intensificação de áreas de instabilidade localizada sobre o estado, e deverá se intensificar entre hoje e amanhã. Segundo a meteorologia, a previsão é de que o tempo fique instável até domingo. Mas, para quem gosta de dias nublados e mais frios, um aviso: aproveite. Na semana que vem, a tendência é de que a chuva vá embora e a temperatura volte a subir, configurando uma “primavera quente”.
Para hoje até 8h, a Defesa Civil de Belo Horizonte emitiu um aleta sobre a possibilidade de chuvas de 20 a 40 milímetros, com raios e rajadas de vento. Conforme o órgão, não chovia significativamente em BH desde 4 de junho. Em algumas regiões da cidade, a exemplo de Venda Nova e Barreiro, os moradores não viram uma gota de água, prolongando a estiagem. Mas há um alívio para a cidade: às 16h20, a umidade relativa do ar teve registro de 70%, bem diferente do clima de deserto verificado na semana passado, quando a taxa chegou aos 12%.
“Esse tempo é terrível para deixar a gente gripada, doente. Então, de agora em diante, faço o seguinte: sombrinha e blusa na bolsa, independentemente do tempo que estiver lá fora. Pode estar o maior 'solão' que saio protegida, pois nunca se sabe o que virá no fim da tarde”, disse a vendedora de uma loja na região da Savassi, na capital, que mora na Região Norte e sai de casa de manhã bem cedo.
QUEDA
o início da manhã, a temperatura nos pontos mais altos de BH chegou a 13,1 graus, com sensação térmica de 3 graus. Por volta das 14h, quando a temperatura costuma estar elevada, a temperatura no Bairro Belvedere, na Região Centro-Sul, estava em 15 graus, e os moradores sentiam um frio de 4 graus. Na capital, os termômetros não ultrapassaram 21,1 graus. O resultado da máxima temperatura representa uma queda de 7 graus em relação à de terça-feira, quando os termômetros marcaram até 28,1 graus.
Por volta das 8h30 de ontem, chovia na Região da Pampulha e em bairros como Caiçara e Dom Cabral (Região Noroeste), Buritis (Oeste), Sion e Anchieta (Centro-Sul). Conforme o Inmet, não chovia de forma significativa na capital desde 23 de agosto, quando houve granizo em algumas partes da capital. “O que provoca chuva no Sudeste do país é o 'cavado', sistema de circulação dos ventos na atmosfera que aumenta a nebulosidade. Não é frente fria. De hoje a domingo, pode ocorrer chuva em todo o estado devido a esse sistema”, explicou o meteorologista Cléber Souza.
As chuvas mais intensas em BH devem ocorrer hoje. A temperatura também começa a cair com a cobertura de nuvens. A máxima não deverá passar dos 24°C. Já no interior mineiro a chuva começou nas regiões Sul e Campo das Vertentes, onde houve registro de 30 milímetros de precipitação. Ainda hoje pode chover nas regiões do Triângulo, Oeste, Campo das Vertentes, Zona da Mata e municípios da Grande BH. A tendência é de que o sistema melhore a qualidade do ar até domingo. Daí em diante, volta o calor, diz o meteorologista.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie