O caso do homem de 32 anos que foi agredido por seguranças no último sábado dentro do câmpus Pampulha, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), será investigado. A reitoria da instituição autorizou a abertura de sindicância investigatória. Por meio de nota, a direção da universidade repudiou a violência e afirmou que a UFMG é uma instituição “que cultua a paz”. As agressões foram gravadas por pessoas que presenciaram a violência. Ato de estudantes e representantes do movimento negro pediu a apuração do caso nesta segunda-feira.
Os vídeos vieram à tona nesse domingo, mas o caso teria ocorrido no sábado. De acordo com informações que constam no boletim de ocorrência, a vítima contou aos policiais que foi até a universidade para se matricular em um curso de inglês na Faculdade de Letras, quando foi abordado por um segurança que pediu sua identificação. O denunciante acredita tratar-se do chefe da segurança, já que ele estava com uniforme diferenciado.
Em resposta à abordagem, o rapaz teria esclarecido que era ex-aluno e que iria se matricular em um curso do Centro de Extensão da Faculdade de Letras. Outros três seguranças se aproximaram. E, desconfiados da versão do jovem, disseram: "Você está fingindo ser estudante para roubar alunos" e "vamos colocar você para fora". Depois disso, na versão da vítima contada aos policiais, os ânimos se exaltaram e começaram as agressões. Um dos seguranças deferiu um 'mata-leão' e, posteriormente, outro segurou suas pernas. Ele contou aos policiais que foi chutado diversas vezes.
Foi quando alunos e funcionários que estavam no câmpus ouviram os gritos do homem. Muitos começaram a gravar a cena. O homem contou que um dos seguranças pegou, da mão de um dos alunos, um celular em que estava sendo filmado e jogou no chão. Depois disso, o homem foi solto pelos seguranças. A ocorrência foi registrada como "agressão" no início da noite e foi encerrada na Delegacia da Polícia Civil da Região Noroeste.
Posicionamento da UFMG
Em nota, divulgada na tarde desta segunda-feira, a reitoria da UFMG autoriza a instauração de sindicância investigatória para apurar os fatos. No documento, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, e o vice-reitor, Alessandro Fernandes Moreira afirmam, no documento, que o homem agredido não é integrante da comunidade acadêmica. Mesmo assim repudiaram “quaisquer atos de violência” contra integrantes da instituição ou membros da comunidade externa.“A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) expressa seu repúdio a quaisquer atos de violência, opressão, constrangimento, praticados contra integrantes da Instituição ou membros da comunidade externa. A UFMG é uma Instituição que cultua a paz e defende, de forma vigorosa e incisiva, a igualdade e a dignidade das pessoas, condenando a discriminação por raça, cor gênero, orientação sexual, idioma, nacionalidade, religião, ou opinião política”, afirmou na nota.
“A correta apuração dos fatos é fundamental para que se assegure a oportunidade de manifestação a todos os envolvidos e para que a UFMG atue com base na justiça e na igualdade, cumprindo sua missão como instituição pública que preza pelo respeito à diversidade e pelo compromisso com os direitos humanos”, completa a nota da reitoria.
Ato para solicitar investigação
Estudantes e representantes do movimento negro da UFMG protestaram na reitoria, nesta segunda-feira, contra os atos de racismo. Eles pediram investigação do caso. A Gestão Bagagem, em nome do Diretório Acadêmico Carlos Drumond de Andrade, já tinha se manifestado nesse domingo sobre o caso ocorrido na Faculdade de Letras. "Existem provas audiovisuais, além de diversas testemunhas que presenciaram o fato. Estamos acompanhando o caso, e conforme o andamento do mesmo, atualizaremos por meio de notas", informou.
"Expressamos nessa nota, em nome do Diretório Acadêmico da Letras, do Diretório Central dos Estudantes, do Movimento Negro da UFMG, e das pessoas que presenciaram e estão acompanhando o caso total e absoluto repúdio ao método de abordagem dos seguranças, e estamos acompanhando o caso para que todas as medidas cabíveis sejam tomadas para que não tenhamos mais acontecimentos como esse", finalizou.