Mesmo oito meses depois do rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, segmentos de corpos de vítimas estão sendo encontrados quase que diariamente. Dados da Polícia Civil mostram que em setembro, a média foi de 1,3 casos por dia entregues ao Instituto de Criminalística, sendo que 1,06 solucionados diariamente, porém, a maioria das vítimas já tinha sido identificada anteriormente. Nesse domingo, além do corpo de Luciano de Almeida Rocha, 39 anos, mais dois segmentos foram entregues para análise.
De acordo com o superintendente de Polícia Técnico-Científica, Thales Bittencourt de Barcelos, desde o rompimento da barragem em 25 de janeiro, já deram entrada no Instituto Médico Legal (IML) 795 segmentos, corpos completos e incompletos. “Destes, 680 já tiveram a análise finalizadas, ou seja, uma taxa de 86%”, explicou. Atualmente, 250 vítimas da tragédia foram identificadas, e outras 20 estão desaparecidas.
O trabalho de buscas do Corpo de Bombeiros continua ininterruptamente. Os militares trabalham na região atingida pela lama de rejeitos de mineração por 249 dias. Quase que diariamente, são encontrados segmentos de corpos de vítimas. “Nós temos, atualmente, no Instituto de Criminalística e no IML, 115 (segmentos) em análise. Não temos nenhum parado. Praticamente todos os dias chegam casos novos. Em agosto, chegou em média, 1,56 casos por dia, sendo 0,93 solucionados por dia. Em setembro, foram 1,3 por dia, e solucionamentos 1,06 por dia”, disse Barcelos.
“Temos um fluxo contínuo de entrada de segmentos, resolução, e liberação de laudos. Infelizmente, a maioria são de segmentos já identificados anteriormente por outros métodos”, comentou. Segundo ele, há, atualmente, 115 segmentos em análise no Instituto de Criminalística e no IML.
Um dos recursos usados para a identificação dos corpos é o sequenciador de DNA, conhecido como Illumina. O equipamento, doado pela Vale, foi recebido pela Polícia Civil em julho deste ano. “Já temos 21 laudos emitidos pelo equipamento. Destes, 20 mostraram que eram amostras inviáveis, devido ao estado de putrefação dos corpos. Em uma amostra foi possível extrair um perfil que foi compatível com um indivíduo identificado anteriormente por outro método”, comentou o superintendente.
Rapidez na identificação
Mais um corpo foi identificado nesse domingo. Os trabalhos foram rápidos. Os restos mortais foram encontrados pelos bombeiros por volta das 10h. Os métodos de identificação começaram às 12h30 e terminaram às 21h40. O corpo foi liberado para a família na manhã desta segunda-feira. A vítima era Luciano, que trabalhava em diversas minas na área de geologia. O cunhado dele, André Luiz Santos, também morreu no rompimento da barragem de rejeitos.
A identificação rápida foi devido ao estado que o corpo chegou, pois foi possível fazer uma comparação da arcada dentária. “O corpo a gente fala que estava parcialmente esqueletizado. Tinha o crânio parcialmente preservado. Então, foi possível radiografar a arcada dentária e a mandíbula, e comparar com uma radiografia antiga, que as famílias entregaram anteriormente”, explicou o superintendente.
Outros dois pequenos segmentos também foram entregues ao Instituto de Criminalística nesse domingo e já estão sendo analisados. Como não é possível fazer a identificação por antropologia ou odontologia legal, foi coletado material para a tentativa de extração de DNA.