Foram cumpridos na manhã desta terça-feira, pela Polícia Federal (PF), cinco mandados de busca e apreensão em Belo Horizonte e Contagem, além de São Paulo (SP), São Vicente (SP) e Duque de Caxias (RJ), para combater crimes de contrabando, peculato e crime contra o meio ambiente. Os suspeitos, entre eles um biólogo do Aquário da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica de BH, enviavam ovos de peixes, inclusive de espécies em extinção, para o exterior.
Apesar de as encomendas postais conterem dados de remetente falsos, a fiscalização do IBAMA conseguiu identificar os remetentes de fato e os reais destinatários. A Justiça determinou que o biólogo, suspeito de peculato e de ser o principal remetente, seja afastado de suas funções por um ano. Dentre os destinatários, havia pesquisadores desse tipo de peixe e colecionadores.
Durante o cumprimento dos mandados judiciais, foram encontrados diversos aquários nas residências de alguns envolvidos, contendo centenas de peixes e ovos ameaçados de extinção acondicionados para futura remessa sem autorização do Ibama.
De acordo com a PF, entre janeiro de 2018 e abril de 2019, durante fiscalização, o IBAMA apreendeu 32 objetos postais, contendo ovos de peixes sem a devida licença de exportação expedida pelo órgão. As postagens foram remetidas de agências situadas em Contagem e Belo Horizonte. Os ovos eram de peixes da família Rivulidae (Rivulídeos), popularmente conhecidas por "killifish" ou peixes-anuais, de diversas espécies, algumas ameaçadas de extinção.
Em São Paulo (SP), São Vicente (SP) e Duque de Caxias (RJ), no mesmo período foram apreendidos cinco objetos com as mesmas características postados sem a licença. Entre os destinatários, havia pesquisadores desse tipo de peixe e colecionadores dos Estados Unidos, Alemanha, Bulgária, Malásia, Hungria,Rússia, Equador, República Tcheca, China, Grã-Bretanha, Argentina e Escócia.
Inicialmente, foi instaurado um inquérito policial para apurar as condutas dos remetentes das encomendas, a PF vai instaurar 12 inquéritos policiais distintos, separados por país de destino das postagens, para apurar a suposta prática do crime de contrabando e contra o meio ambiente.
Em nota, o Conselho Regional de Biologia 4ª Região esclareceu que o suspeito detido não tem registro no órgão, apesar de ser formado em Ciências Biológicas. Também disse que o servidor “exercia a função de tratador de animais no órgão, cargo de nível médio”.
O conselhou também lamentou o episódio e informou que espera punição para “os responsáveis por esse crime que atenta contra a biodiversidade”.