A ex-superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Minas, Célia Corsino, vai ficar à frente da Superintendência de Bibliotecas, Museus, Arquivo Público e Equipamentos Culturais, vinculada à Secretaria de Estado da Cultura e Turismo. A informação foi divulgada, ontem, pela assessoria do secretário Marcelo Matte, que fez o convite à museóloga na segunda-feira. Com 39 anos na autarquia federal e três como superintendente do Iphan em Minas, Célia foi exonerada há uma semana mediante portaria do ministro da Cidadania, Osmar Terra, que nomeou para o cargo o cinegrafista Jeyson Dias Cabral da Silva. O substituto é ex-assessor do deputado federal Charles Thomacelli Evangelista, do PSL (partido do presidente Jair Bolsonaro), quando esse era vereador em Juiz de Fora, na Zona da Mata.
Leia Mais
Conselho do Iphan contesta nomeações que incluem até sorteio de 'padrinhos' dos indicadosPrefeitos de cidades históricas criticam nomeação de cinegrafista do PSL para o IphanSuperintendente do Iphan em Minas é exonerada e prefeitos de cidades históricas tentam reverter decisãoNovo superintendente do Iphan em Minas fica poucas horas no cargo; veja o motivoMinistro de Bolsonaro terá que explicar nomeação de ex-assessor do PSL para IphanNa estrutura a ser comandada por Célia Corsino, fica a diretoria de Museus, responsável pelos equipamentos culturais, entre eles o Museu Mineiro, a Casa Guimarães Rosa, a Casa Alphonsus de Guimaraens, a Casa Guignard, o Centro de Arte Popular e Museu dos Militares Mineiros. A diretoria do Arquivo Público Mineiro também está ligado à superintendência a ser ocupada por Célia Corsino.
Incertezas
A saída de Célia Corsino da Superintendência do Iphan em Minas gerou preocupação por parte de gestores do patrimônio, já que a museóloga se destaca pela dedicação à preservação do patrimônio e competência técnica. Temerosos de que, com a mudança de governo, o cargo fosse uma indicação política e não profissional, três prefeitos de municípios mineiros com bens reconhecidos como patrimônio da humanidade enviaram cartas ao ministro, tão logo o presidente Jair Bolsonaro assumiu a presidência.
No mês passado, os prefeitos voltaram à carga. Os chefes do Executivo de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, Juscelino Roque, e Ouro Preto, Júlio Pimenta, e Congonhas, José de Freitas (Zelinho) Cordeiro, na Região Central, pediram que Célia Corsino fosse mantida no posto, principalmente pela competência e também por enfrentar momentos de crise econômica com a formação de parcerias e boa gestão.
Também o presidente da Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais (congrega 30 municípios), José Fernando de Oliveira, prefeito de Conceição do Mato Dentro, na Região Central enviou carta ao ministro e disse ao Estado de Minas que é preciso “cuidado” ao nomear uma pessoa a superintendência em Minas, pois estamos falando do estado que tem 60 dos bens tombados no país.
Especialista
Célia Corsino é museóloga, com especialização em administração de projetos culturais pela Fundação Getúlio Vargas e metodologia do ensino superior pelas Faculdades Estácio de Sá.
De 2002 a 2011, Célia coordenou os trabalhos de implantação da área de museologia do Museu de Artes e Ofício, em Belo Horizonte, trabalhou no acervo documental do Museu Casa de Cora Coralina, em Goiás, no Museu de Congonhas, entre outros. Desde 2015, Célia é a superintendente do Iphan em Minas.
Na área acadêmica foi professora titular da cadeira de Administração de Museus na Faculdade de Museologia e Arqueologia da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, e professora assistente da cadeira de Ciências Auxiliares da História (Numismática, Sigilografia, Filatelia e Heráldica) da mesma instituição.
A museóloga participou do planejamento e do corpo docente de cursos básicos e oficinas de museologia em diversos estados do País e coordenou, pela Unesco, cursos a distância de salvaguarda de patrimônio imaterial e gestão de museus patrimônio. Atualmente é professora convidada do MBA de Gestão de Museus da Universidade Cândido Mendes..