Jornal Estado de Minas

Greve paralisa metade da UFMG em protesto a cortes do orçamento


Professores, servidores públicos e estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) paralisam nesta quarta-feira atividades em protesto aos cortes no orçamento do Ministério da Educação (MEC). A greve de 48 horas continua nesta quinta-feira e faz parte de movimento nacional em defesa da universidade pública. A comunidade acadêmica não descarta uma greve geral.

Sindicatos calculam adesão de metade da comunidade universitária à paralisação, que contou com diversas atividades de ocupação no campus, desde passeatas a debates e palestras discutindo os rumos da educação.

“Tivemos uma adesão de 50% das pessoas e amanhã será maior. A universidade está funcionando precariamente. Falta material de escritório, limpeza e higiene. O ministro disse que liberou dinheiro, mas não liberou”, afirma a coordenadora-geral do Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino (Sindifes), Cristina del Papa.

Ela ressalta que a greve ocorreu em todas as 15 instituições federais de ensino mineiras. Na quinta-feira, a greve vai para as ruas. Às 17h, haverá ato na Praça Sete, no Centro da capital, em defesa das universidades.
Desde às 10h, seis tendas estão montadas nos quarteirões fechados apresentando os trabalhos desenvolvidos na instituição.

“O governo está propondo cortes de 89% na verba do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e de 75% da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Isso inviabiliza nossas pesquisas. O contigenciamento já produziu danos enormes e cortes significativos nos projetos. Pesquisadores estão tirando dinheiro do próprio bolso”, afirma a presidenta do Sindicato das Universidades Federais de BH, Montes Claros e Ouro Branco, Stella Goulart.

A paralisação vai se encerrar na quinta-feira, mas, segundo Stella, os sindicatos não descartam uma paralisação sem data para terminar.

“Nesse momento, a greve é de dois dias. Temos conhecimento de uma greve geral sendo construída pelas centrais. Não descartamos essa possibilidade, até porque pode ser de chegar em outubro e a universidade precisar até fechar as portas”, afirma.

Entenda a crise

No último dia 4, a UFMG informou que entrava em setembro com o caixa em estado crítico.
A universidade sofreu cortes de R$ 64,5 milhões no orçamento previsto pela Lei Orçamentária Anual (LOA).

Pela LOA, a UFMG receberia R$ 215 milhões em 2019, valor que só havia sido corrigido pela inflação na comparação com os recursos de 2018. Com o corte de maio, no entanto, a universidade ficou apenas com R$ 150,5 milhões para o exercício atual.

Nesta segunda, contudo, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, e a secretária-adjunta Executiva, Maria Fernanda Bittencourt, informaram o desbloqueio de R$ 1,990 bilhão, verba que havia sido contingenciada em abril pelo Ministério da Educação (MEC).

Segundo o ministro, está sendo descontingenciado mais de 1/3 do valor da pasta que estava congelado. "A volta é fruto da recuperação econômica, fruto da geração de emprego. Não teve falta de luz, não teve hospital universitário que fechou. Houve desconforto, mas houve aprendizado", salientou.

As universidades federais receberão 58% desse valor, R$ 1,156 bilhão. Do total de recursos para a educação, cerca de R$ 3,8 bilhões seguem bloqueados. O ministro informou que anunciará outro descontingenciamento no final de outubro, no entanto, não falou em valores..