A Polícia Civil de Minas Gerais realizou, nesta quinta-feira, uma grande operação, com ações simultânea em 10 cidades do Norte de Minas e do Triângulo Mineiro, além de dois municípios do Paraná. Foram presas oito pessoas e cumpridos mandados de prisão preventiva contra mais de 30 indivíduos que estavam trancafiados. Foi feita, ainda, a transferência de 11 detentos para presídios federais. O objetivo é desarticular a maior organização criminosa do país, surgida em São Paulo, e que, de dentro dos presídios, comanda os crimes como tráfico de drogas, roubo de cargas e homicídios, atuando também em países vizinhos como Bolívia, Paraguai e Colômbia.
Leia Mais
Polícia Civil cumpre 40 mandados de prisão para desarticular maior organização criminosa do Brasil Operação conjunta de órgãos federais e estaduais conduz três pessoas por transporte de carvão de mata nativaOperação contra entrada ilegal nos Estados Unidos tem dois presos Operação contra furto de fios de cobre prende quatro em BHPolícia Civil faz operação contra receptadores de fios de cobre em BHFuzis do Exército: veja como armamento doado será utilizado pela PMMG Um dos criminosos mais procurados da Bahia é preso em Belo Horizonte Sete suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas são detidos com sete armas em BHAs investigações que resultaram na operação desta quinta-feira foram iniciadas em janeiro, após a interceptação de uma carta que partiu da Segurança Máxima de Francisco Sá. No documento, detentos perigosos ameaçavam encomendar as mortes de cinco agentes penitenciários, contra o endurecimento das regras de disciplina.
De acordo com o delegado Alberto Tenório, que coordenou os trabalhos em conjunto com outros três delegados de Montes Claros, a partir da descoberta da carta, foram investigadas outras ações de integrantes da facção criminosa que age nos presídios. Ao longo de seis meses, com autorização da Justiça, foram interceptadas e analisadas cerca de 34,6 mil ligações feitas por celulares, sendo monitoradas conversas entre detentos da Penitenciária Máxima de Francisco Sá, do Presídio Regional de Montes Claros e das cadeias de Umuarama e Cruzeiro do Oeste, no Paraná.
Teleconferência de presos
Nas escutas autorizadas pela Justiça foi identificada uma nova forma de comunicação criada pela organização criminosa, um sistema de “teleconferência” , com a participação de 25 detentos em presídios em diferentes partes do país, notadamente em São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso. “Nas teleconferências, os detentos iam repassando mensagens entre eles, tentando articular respostas às determinações das direções dos presídios para o reforço das ações de segurança”, informou Tenório.
Segundo ele, foram descobertas ordens repassadas pelos líderes da facção para outros detentos, sendo descobertos diversos crimes como tráfico de drogas, roubos de cargas, assaltos, corrupção de menores e corrupção ativa e passiva. Um fato que chamou atenção dos investigadores foi um roubo de uma grande carga de fertilizantes, avaliada em R$ 5 milhões. O caso foi registrado recentemente em Uberlândia, no Triângulo. Foi descoberto que a ação criminosa foi comandada por homens recolhidos em um presídio da cidade que receberiam grande parte da venda das mercadorias roubadas. Os autores foram identificados e já estão presos. Ações são feitas para recuperar a carga.
Um dos alvos da operação desta quinta-feira foi um homem, morador do Bairro Vera Cruz, em Montes Claros, que foi preso. Há algum tempo, ficou tetraplégico, ao ser alvejado na coluna em uma trocas de tiros com a polícia. De acordo com as investigações, mesmo com a limitação física, o homem fazia a venda, a compra e a distribuição de drogas para um detento do presídio local e para um outro elemento altamente perigoso, que está detido em Francisco Sá.
Durante a operação, 11 integrantes da organização criminosa deixaram a Penitenciária de Segurança Máxima de Francisco Sá e foram transferidos para presídios federais não revelados, por questão de segurança. Sob um forte esquema de segurança, com a escolta de um helicóptero, eles foram levados até Montes Claros, de onde seriam transferidos em uma aeronave para prisões federais.