De manhã, a festa. À tarde, o luto. No mesmo dia em que os mineiros comemoraram a reabertura de um patrimônio da humanidade, a Igreja São Francisco de Assis, mais conhecida como Igrejinha da Pampulha, em Belo Horizonte, também choraram a destruição pelo fogo de templo centenário em Diamantina. Consumida rapidamente pelas chamas, da Igreja Santa Rita de Cássia, no distrito de Sopa, sobraram somente as paredes. O templo, tombado pelo patrimônio do município no Vale do Jequitinhonha, havia sido restaurado em 2015. Não houve vítimas e a igreja estava fechada na hora do episódio.
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Incêndio de grandes proporções destrói igreja em Diamantina; veja vídeoAo comemorar 20 anos de reconhecimento pela Unesco, Diamantina quer alçar novos voos Parceria pelo patrimônio garante restauro de dois templos em cidades mineiras Missa e CD comemoram os 70 anos de atuação do mosteiro das irmãs beneditinas em BHAs causas do incêndio, que está sendo investigado pela Polícia Civil, ainda são desconhecidas. Uma testemunha ouvida pelo Estado de Minas, que se identificou apenas como Antônio, contou que ouviu explosões de fogos na hora do incêndio e que o material estava sendo guardado para um casamento que aconteceria neste sábado. O Corpo de Bombeiros não confirma a informação de que havia fogos de artifício dentro da construção, mas não descarta a hipótese. Vídeo que circulou nas redes sociais permite que estalidos semelhantes à explosão de fogos sejam ouvidos.
A perícia da Polícia Civil foi para o local na hora do incêndio e retorna neste sábado para continuar a investigação. “Não temos informação sobre isso (fogos de artifício). Vamos esperar a conclusão dos trabalhos da perícia técnica sobre o incêndio”, afirma a secretária municipal de Cultura e Turismo de Diamantina, Márcia Betania Oliveira Horta. As chamas começaram por volta das 15h30 e consumiram a torre, telhado e todo o interior da igreja. Restaram apenas as paredes do bem tombado pelo patrimônio histórico municipal de Diamantina, cidade declarada patrimônio cultural da humanidade pela Unesco desde 1999.
A perícia da Polícia Civil foi para o local na hora do incêndio e retorna neste sábado para continuar a investigação. “Não temos informação sobre isso (fogos de artifício). Vamos esperar a conclusão dos trabalhos da perícia técnica sobre o incêndio”, afirma a secretária municipal de Cultura e Turismo de Diamantina, Márcia Betania Oliveira Horta. As chamas começaram por volta das 15h30 e consumiram a torre, telhado e todo o interior da igreja. Restaram apenas as paredes do bem tombado pelo patrimônio histórico municipal de Diamantina, cidade declarada patrimônio cultural da humanidade pela Unesco desde 1999.
A construção tem sua época de origem desconhecida, mas provavelmente datando da primeira década do século 19. Considerada patrimônio municipal, ela foi restaurada em 2015. Em 2011, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais reconheceu o local como bem de relevância histórica. Em nota, o Iepha-MG se solidarizou pelo incêndio e ofereceu apoio técnico para a recuperação do bem cultural.
O templo se destaca como o principal monumento arquitetônico do distrito de Sopa, que, de acordo com Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem 540 habitantes e 277 residências. A localidade está a 16 quilômetros da sede do município.
Com uma torre única frontal, a capela tinha altar-mor todo em madeira. Documento sobre monumentos históricos e artísticos do Circuito do Diamante descreve a construção: “A fachada, de composição bastante harmoniosa, faz ressaltar a presença da torre central e única, com suas janelas sineiras em gelosia e a cobertura tradicional em telhadinho de quatro águas”.
Uma equipe de nove militares em três viaturas combateu as chamas e contou com apoio de um caminhão-pipa da Copasa. Outra, da Secretaria Municipal de Cultura e Patrimônio Histórico, também se deslocou para o vilarejo, junto com Polícia Militar (PM), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e Defesa Civil Municipal.
“Ficamos muito tristes, pois, exatamente no momento que a política de proteção do patrimônio histórico passa por muitas dificuldades, ocorre um sinistro que destrói uma igreja histórica”, afirmou Márcia Betania Oliveira Horta. Segundo ela, a falta de recursos para a preservação é o “calcanhar de Aquiles” da política de proteção do patrimônio históricos no país. Ela salientou que a área enfrenta a falta de recursos, o corte de pessoal e outros problemas.
Na semana passada, houve uma troca na Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Minas Gerais, da qual foi exonerada Célia Corsino, com mais de 30 anos na área, sendo nomeado para o lugar dela Jeyson Dias Cabral da Silva, formado em jornalismo e ex-assessor de um vereador em Juiz de Fora, A mudança causou indignação, com protestos dos prefeitos das cidades históricos e profissionais que atuam na área.
A Arquidiocese de Diamantina se limitou a comunicar em nota, “grande pesar” pelo incêndio na Igreja Santa Rita de Cássia, Comunidade de Sopa, distrito de Diamantina. “Assim que o fogo começou a equipe do corpo de bombeiros foi acionada. Aguarda-se mais informações das autoridades competentes sobre a abrangência e as causas de tal fatalidade”, informou.
Joia no Circuito do Diamante
A capela, cercada por muro de lajes caiado, está localizada em sítio privilegiado, de onde se descortina uma ampla e agradável perspectiva. Seu aspecto atual leva a supor tenha ocorrido uma reconstrução relativamente recente do tempo. A fachada, de composição bastante harmoniosa, faz ressaltar a presença da torre central e única, com suas janelas sineiras em gelosia e a cobertura tradicional em telhadinho de quatro águas. A empena se resolve à maneira de um frontão reto, delimitado por cimalha e beiradas recobertas por fiadas de telhas. Os vãos, simetricamente distribuídos em secções marcadas por cinhais e esteios de madeira, compreendem três janelas de caixilhos de vidro, à altura do coro, e a porta principal em almofadas, todos esses vãos encimados por vergas alteadas. Internamente, compensando a ausência de retábulos em talha, vê-se interessante altar-mor em delicado trabalho de gosto popular.
Fonte: Monumentos históricos e artísticos – Circuito do Diamante