As autoridades avançaram, ontem, nas investigações das denúncias de abuso sexual que teria ocorrido no Colégio Magnum – Cidade Nova, tendo como vítimas ao menos duas crianças de 3 anos, alunas da instituição. A Polícia Civil recebeu ontem imagens das câmeras de segurança da escola da Região Nordeste de BH e também ouviu famílias envolvidas no caso e representantes da escola. Em conversa com o Estado de Minas, o investigado, o ex-estagiário de educação física Hudson Nunes de Freitas, de 22 anos, negou todas as acusações, que classificou como injustas, e disse que está vivendo um momento de extrema turbulência. Guilherme Lizandro, também de 22, amigo de Hudson, corroborou as afirmações. “Ele é uma das únicas pessoas por quem coloco minha mão no fogo. É um cara muito tranquilo. Tenho certeza de que não fez isso”, afirmou.
Inicialmente, as denúncias envolviam duas crianças, mas pelo menos três famílias foram ouvidas ontem pela Polícia Civil, que instaurou inquérito para investigar o caso. "Os trabalhos estão sendo realizados com todo rigor e eficácia para que os fatos sejam esclarecidos o mais breve possível", informou a corporação, em nota. Parte dos depoimentos ocorreu na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca/Dopcad), no Bairro Carlos Prates, na Região Noroeste de BH.
Receosas com a presença da imprensa, outras famílias preferiram falar à Polícia no Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Bairro Lagoinha, também na Região Noroeste. Psicólogas acompanharam os depoimentos das crianças. Como o processo é sigiloso, ninguém concedeu entrevista. Segundo a assessoria de imprensa, detalhes da investigação serão repassados ao fim do inquérito policial.
Negação
Em entrevista ao Estado de Minas, Hudson Nunes de Freitas negou qualquer envolvimento com o episódio. “Estou passando por este momento difícil e delicado, sendo acusado de uma coisa que não fiz. E quando isso acontece com pessoas como eu, de classe social baixa, por questão de cor e raça, gera comoção por parte da sociedade. Estou aqui para dizer que não tenho culpa nenhuma. Estou pronto para qualquer tipo de declaração sobre as investigações. Quero só que esta turbulência passe na minha vida”, contou.
Hudson afirma, ainda, que era subordinado a um professor e não ficava sozinho com os alunos. “Minha relação com as crianças era no suporte que eu dava ao professor. Não tinha autonomia nenhuma para poder tirar qualquer criança da aula para poder levá-la ao banheiro, trocar de roupa ou levá-la para a sala de aula, ou de lá para o espaço onde ocorriam as aulas. Antes de fazerem qualquer julgamento, precisam analisar os fatos. Estou com a consciência tranquila”, garantiu o jovem, que desde a semana passada não trabalha mais na instituição de ensino. Ele, que pretendia prestar depoimento ainda ontem, deve fazê-lo nos próximos dias, por orientação da polícia.
Escola
Em nota, divulgada ontem, a escola afirmou que prestou “os esclarecimentos necessários à Polícia Civil e aguarda a conclusão das investigações, cujo inquérito tramita sob sigilo”. Em relação ao afastamento de Hudson, informou que “a rescisão do contrato de estágio visou preservar a integridade de todos os envolvidos e a transparência da apuração do caso”.
A escola pôs à disposição dos pais e dos alunos o atendimento da coordenação pedagógica, paralelamente ao serviço de psicologia, por meio de agendamentos individualizados. Informou ainda que todo o sistema de segurança eletrônica passará por revisão e que a entrada de todos os banheiros terá monitoramento por câmeras.