A defesa de Hudson Nunes de Freitas, de 22 anos, que está sendo investigado por suspeita de abuso sexual contra alunos do Colégio Magnum – Cidade Nova, no Bairro Nova Floresta, Região Nordeste de Belo Horizonte, vai encaminhar à Polícia Civil depoimentos de familiares e funcionários da escola, além de cartas escritas por crianças para respaldar a alegação de inocência. Ontem, dezenas de pessoas se reuniram na porta da instituição de ensino para homenagear os professores e funcionários e demonstrar apoio ao colégio. Além disso, os presentes também acolheram o jovem, que esteve presente e agradeceu. “Não podemos deixar acontecerem injustiças como esta”, disse.
Hudson também compareceu ao ato. Ele chegou ao local em companhia de amigos e se encontrou com os manifestantes. O jovem foi recebido com aplausos por pais e alunos que gritavam seu nome. Também foi abraçado pelas crianças e ainda cercado por elas. “Sentimento de gratidão poder ser reconhecido por tudo que já fiz no colégio. Acho que as coisas vão esclarecer. Estou disposto a colaborar por qualquer coisa. Não me escondo, não podemos deixar acontecerem injustiças como esta” , disse.
O ex-funcionário da escola, que está sem trabalhar desde que surgiram as denúncias, afirma que vem recebendo doações de cestas básicas e apoio dos pais de alunos. “Recebi doações, além de mensagens por cartas e bilhetes”, completou. Uma ex-professora chegou durante o ato e ficou emocionada. Depois de dar um longo abraço em Hudson, teve que ser amparada, pois começou a sentir dores na cabeça. Ela dava aula para o jovem quando ele tinha 6 anos de idade. Pessoas de fora da comunidade escolar, como alunos da escolinha de futebol César, onde Hudson trabalhava, também vieram dar apoio ao estagiário, assim como colegas e professores de faculdade dele.
O Colégio Magnum se manifestou por meio de nota. No documento, a escola agradece “às manifestações de carinho de educadores de todo o país, das famílias, alunos e ex-alunos”. “Esclarecemos que o movimento realizado no entorno da escola hoje, 11 de outubro, em apoio a nossa instituição e colaboradores, foi legitimamente espontâneo. Permanecemos centrados no apoio psicológico e jurídico a todos os envolvidos, reafirmando nossa crença na verdade, no princípio da Justiça e à disposição das autoridades competentes para que a verdade seja revelada”.
DEPOIMENTOS Os advogados que defendem Hudson participaram da manifestação. Brenda Winter, que faz parte da defesa, disse que aproximadamente 50 famílias foram ouvidas pela equipe na quinta-feira. “Em todos os depoimentos, Hudson foi tratado como uma pessoa respeitadora, cuidadora e bondosa. O perfil dele é bem nítido e qualquer pessoa consegue ver”, comentou. “Esse ato voluntário demonstra que há indícios fortes de que ele não é culpado”, completou.
A opinião é a mesma de outro defensor, Fabiano Lopes. “Esse ato só corrobora o que a defesa vem dizendo. Acho que isso é inovador no Brasil inteiro. Nunca vi uma pessoa que fosse acusada de abuso sexual ter esse apoio. Então, isso, por si só, já mostra a índole do Hudson. Já mostra qual foi o comportamento profissional que ele teve durante os cinco anos em que aqui esteve”, disse. “O próximo passo da defesa será juntar os 45 depoimentos oficiais que foram tomados no escritório e cartas que os alunos fizeram para Hudson. Vamos solicitar à autoridade policial que requeira da escola a situação financeira das pessoas que estão acusando. Seria uma situação decisiva para uma falsa acusação. E aguardar o momento certo para ele depor”, finalizou.
A acusação veio à tona na última semana. Funcionários foram acusados de abusar de crianças na escola. O caso ainda está sendo investigado pela Polícia Civil. Um inquérito foi aberto e as apurações estão em andamento. O principal suspeito é Hudson, que nega as acusações. A polícia fez buscas em sua casa, anteontem, e apreendeu o celular dele. O aparelho será periciado. Até aqui, 40 pessoas foram ouvidas pelos investigadores.