Cerca de um mês depois da morte do empresário Roberto Batista Júnior, ocorrida em 8 de setembro, em virtude de acidente com patinete elétrica na Avenida Paraná, no Centro de Belo Horizonte, a Grow, controladora das duas marcas que fornecem o equipamento na capital, promoveu uma ação educativa ontem, na Praça da Liberdade, Região Centro-Sul. Parte de compromisso assumido com a Prefeitura de BH após a queda fatal, a iniciativa voltou a ser defendida pela companhia como a melhor alternativa para proteger os usuários de incidentes – mais importante, inclusive, que a obrigatoriedade do capacete, na avaliação da empresa. Hoje, das 10h às 16h, programação semelhante vai ocorrer no mesmo local, em frente ao Museu das Minas e do Metal: quem quiser participar, poderá usar o aparelho e tirar suas dúvidas sobre ele.
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A iniciativa faz parte de um acordo fechado pela Grow com a Prefeitura de Belo Horizonte após a morte de Roberto Batista Júnior. Tudo isso acontece em um cenário no qual a cidade ainda não tem regulamentação específica para esse tipo de transporte. Um projeto chegou a ser aprovado na Câmara de BH, mas foi vetado pelo prefeito Alexandre Kalil sob a justificativa de que a proposição era inconstitucional.
Ana Maria dos Santos, de 39 anos, andou com o patinete elétrico pela primeira vez.
Quem também se interessou pela programação foram os amigos Viviane de Jesus, de 22, e Wemerson do Santos, de 28. Eles tiveram opiniões antagônicas sobre o aparelho. Ele já está acostumado a usar, enquanto ela disse que não teve confiança para andar por muito tempo. “Fiquei morrendo de medo porque nunca andei.
Wemerson, por sua vez, tem uma história de alívio com o patinete. Ele conta que há alguns meses estava no Centro da cidade e precisava ir rapidamente até o Departamento de Trânsito (Detran), localizado na Avenida João Pinheiro. Como estava atrasado, pegou um patinete e conseguiu chegar a tempo para a prova de habilitação. “Faltava meia hora e se eu chegasse atrasado perderia tudo. Eu tinha o aplicativo no celular, então fui de patinete e gastei 10 minutos, menos que se tivesse esperado o ônibus”, relatou.
REGULAMENTAÇÃO Enquanto a empresa responsável pelos patinetes elétricos promove ações educativas, a regulamentação do equipamento, processo que inclusive conta com a participação da Grow, ainda não saiu da promessa. A BHTrans montou um grupo de trabalho para estudar a questão e o prefeito Kalil já defendeu, publicamente, que não faz sentido apresentar um texto que seja “cassado no outro dia” por via judicial, a exemplo do que aconteceu em outras capitais do Brasil.
Em conversa com o Estado de Minas, a gerente de Relações Institucionais e Governamentais da Grow, Fernanda Laranja, disse que a empresa tem fornecido subsídios à prefeitura para que a regulamentação finalmente entre em vigor. “Temos uma conversa muito democrática e aberta com a BHTrans. Eles estão trabalhando nessa regulamentação.
Assim como em posicionamentos enviados anteriormente à reportagem, Fernanda Laranja voltou a defender o uso do capacete como recomendação para o usuário, em vez de uma obrigação, que, segundo ela, afastaria o cidadão dos patinetes. “A gente entende que é um equipamento de segurança muito importante, mas nós temos exemplos como a Austrália, onde o capacete se tornou obrigatório, mas não houve proporcionalmente aumento da segurança. Essa obrigação desestimulou as pessoas.”
A empresa voltou a defender ainda que os patinetes são meios de mobilidade urbana, não brinquedos. Segundo a gerente da companhia, muitas pessoas insistem em usar o equipamento como diversão, quando, na verdade, a proposta é voltada para a facilitação do deslocamento do cidadão por Belo Horizonte.
Procurada, a BHTrans se limitou a informar, por telefone, que foi criado um grupo de estudo para regulamentar o uso dos patinetes. A empresa não especificou como isso será feito nem qual a previsão para apresentação das alternativas.
Memória
A primeira morte
Em 7 de setembro deste ano, o empresário Roberto Batista Júnior, de 43 anos, saía de uma festa no Mercado Central quando decidiu dar sua primeira volta em um patinete elétrico. Sem capacete, ele se locomoveu até a Avenida Paraná, onde se desequilibrou e bateu com a cabeça em um bloco de concreto que delimita a ciclovia local. O homem sofreu traumatismo craniano e duas paradas cardíacas enquanto era socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A vítima chegou a ser internada no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, mas morreu no dia seguinte. Roberto morava no Bairro Santa Mônica, em Venda Nova, era casado e deixou dois filhos, de 5 e 7 anos.
Fique vivo
Dicas da empresa responsável para uso seguro do aparelho
- Antes de sair, planeje o caminho
- Use sempre o capacete bem preso à cabeça e ajustado adequadamente
- Não trafegue com mais de 1 pessoa
- A locação de equipamentos só deve ser feita por usuários com no mínimo 18 anos
- Dê sempre preferência ao pedestre, que é mais vulnerável no trânsito
- Não use celular nem fone de ouvido enquanto conduz bike ou patinete
- Esteja atento
- Respeite sempre os semáforos, a sinalização de trânsito e o sentido da via
- Jamais conduza a bike ou o patinete se houver ingerido álcool
- Segure sempre o guidom com as duas mãos
- Esteja atento a irregularidades nas vias, como buracos, bem como galhos e árvores que possam oferecer riscos
Fonte: Grow
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