Apesar de o ensino tradicional ainda ser líder em número de vagas, a modalidade vem recuando em número de ingressantes. No estado, as matrículas presenciais chegaram a 648.554, ao passo que as inscrições para cursos a distância somaram quase um terço desse total (203.600). Mas, em relação a 2017, houve redução de 3,1% na quantidade de alunos que assistem às aulas diante da lousa e aumento de 15,6% no total daqueles que optam por se formar fora de sala de aula, diante da tela do computador.
Já quando se considera todo o Brasil, as vagas oferecidas na modalidade presencial totalizaram 6.358.534, sendo ultrapassadas pelos cursos remotos, que tiveram 7.170.567 lugares disponíveis. Minas não acompanhou a tendência nacional: as graduações que exigem o aluno em sala ofereceram 328.385 vagas, enquanto pela internet foram 193.319 oportunidades.
ESCALADA De acordo com o censo, o ingresso em cursos de graduação a distância tem crescido substancialmente nos últimos anos, de forma geral. Em uma década, essa modalidade de ensino dobrou sua participação na educação superior, passando de 20% do total de ingressantes no ensino superior, em 2008, para 40%, em 2018.
No Brasil, mudança na legislação, ainda no governo do ex-presidente Michel Temer, permitiu a expansão de polos, em um crescimento que tem trajetória mundial. A expectativa era de que até 2023 a educação a distância (EAD) superasse a graduação presencial também em número de matrículas. Agora, a previsão, segundo o presidente da Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), Celso Niskier, é de que a virada ocorra antes, por causa do salto no número de cursos oferecidos – aumento de mais de 50% de um ano para outro.
O crescimento da modalidade é impulsionado ainda pelo fator financeiro, de distribuição regional e de uso da tecnologia. O primeiro tem a ver a crise econômica e a falta de financiamento estudantil que faz o aluno de menor poder aquisitivo optar pela graduação a distância por ser mais acessível. O segundo se consolida pelo fato de em muitas cidades de pequeno e médio porte polos serem as únicas opções para se fazer um curso superior. “A expansão está criando uma capilaridade em todo o país”, ressalta Niskier. O terceiro se refere à mudança de comportamento da sociedade. “O jovem que ingressa hoje no ensino superior usa mais tecnologia e prefere um curso com flexibilidade de estudar em casa ou no trabalho”, afirma o presidente da Abmes.
Celso Niskier diz que, embora o setor de educação privada seja favorável ao crescimento quantitativo da EAD – até mesmo para se alcançar as metas do Plano Nacional de Educação (PNE) que prevê, até 2024, 33% dos estudantes entre 18 e 24 anos cursando ensino superior –, a preocupação com a qualidade não sai do radar. “Uma boa instituição presencial vai oferecer bom EAD. Aquelas com limitações também as terão no ensino a distância. Os resultados serão melhores ou iguais ao curso presencial desde que se escolham instituições que tenham qualidade”, avisa.
Se a EAD vive seus momentos de glória, na outra ponta, nos últimos cinco anos, os ingressos nos cursos de graduação presenciais diminuíram 13%. Com uma taxa média de crescimento anual de 3,8%, nos últimos 10 anos, a matrícula na educação superior cresceu 56,4% nesse período. Em 2018,o aumento foi de 1,9%. Com mais de 6,3 milhões de alunos, a rede privada tem três em cada quatro alunos de graduação. Em 2018, a matrícula na rede pública cresceu 1,6% e, na rede privada, 2,1%.