Quatro palavras de robusto parágrafo em um dos 71 artigos da resolução que norteia a organização da rede pública de ensino de Belo Horizonte deram origem a um cabo de guerra que opõe, de um lado, o Conselho Municipal de Educação e, de outro, a bancada cristã da Câmara de Vereadores da capital. O documento terá de voltar à mesa dos conselheiros, com pedido expresso de reanálise da parte que inclui nas diretrizes curriculares temas ligados a sexualidade, gênero e orientação sexual, responsáveis pelo levante de parlamentares e que levou à revogação do documento. O assunto flerta desde 2015 com a pauta escolar, mas a pressão de um setor do Legislativo que alega tentativa de “doutrinação” nas escolas tem feito a Prefeitura de BH recuar nesse período e retirar do texto final os termos considerados controversos.
"Quando se chega a doutrina de gênero, diversidade e orientação sexual, é direito dos pais que os filhos recebam educação religiosa e moral de acordo com suas convicções"
Fernando Borja, vereador do Avante
Reação
A vereadora Cida Falabella (PSOL), conselheira municipal de Educação da última gestão (por indicação da Câmara) e vice-presidente na Casa da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo, espera que os termos do artigo 19 sejam debatidos pelos novos conselheiros e mantidos no texto. “Nós, junto dos vereadores do campo progressista, temos combatido o (movimento) 'Escola sem partido' em todas as suas variações sobre o mesmo tema. Há uma tentativa de criminalização dos professores, das atividades da escola e desrespeito a várias instâncias que constroem norteadores e currículos da educação, como essa resolução”, diz.
"Escola é o espaço onde o aluno pode aprender sobre seu corpo e sexualidade, num ambiente afetivo e seguro, porque, muitas vezes, o abuso, por exemplo, ocorre dentro de casa"
Cida Falabella, vereadora do PSOL