Jornal Estado de Minas

Investigado por abuso sexual no Colégio Magnum reafirma inocência e diz que não dorme: 'Trauma para o resto da vida'

Em depoimento à Polícia Civil que durou cerca de duas horas na manhã desta segunda-feira, o ex-estagiário de educação física investigado por abusos sexuais nas dependências do Colégio Magnum unidade Cidade Nova, no Bairro Nova Floresta, Região Nordeste de Belo Horizonte, Hudson Nunes de Freitas, de 22 anos, voltou a reafirmar sua inocência.

Ele alega que apoiava o professor nas aulas de educação física e nunca abusou de nenhuma criança. Hudson disse ainda que não sabe o que pode ter motivado as denúncias que ele atribui como falsas e desconfia de preconceito. "Existem várias coisas, a gente vive em um país em que a desigualdade social é muito grande. Às vezes a gente sofre alguma discriminação, não sei", afirma ele.

O advogado que o representa, Fabiano Lopes, acrescenta que a situação social do ex-auxiliar pode ter contribuído para essa situação. "O Hudson acredita que pelo fato de ele ser negro, pobre, humilde, teria de alguma forma refletido nele como a parte mais fraca dentro do procedimento", diz o advogado. Lopes pontuou ainda que a defesa reitera a inocência do investigado se apoiando em provas que já foram arrecadadas, como imagens das dependências internas do Colégio Magnum.

"O Hudson desde suas primeiras declarações tem negado o ocorrido e alega ser inocente.
Juridicamente a defesa tem alegado que seria impossível esse crime ter ocorrido pelas questões de segurança da escola, pelas imagens que foram arrecadadas que foram previamente conferidas e não encontram nenhum tipo de situação que deixaria a autoridade policial com suspeição do Hudson", acrescenta.

Hudson conversou com a imprensa ao sair da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), que fica no Bairro Carlos Prates, na Região Noroeste de Belo Horizonte.

Como a investigação corre em segredo de Justiça, a Polícia Civil não divulga detalhes. Pelo menos duas denúncias diferentes são apuradas e Hudson foi a 41ª pessoa ouvida no curso do inquérito.

Ainda segundo Fabiano Lopes, a investigação já está próxima da elaboração do relatório, mas ele disse que ainda podem acontecer novos depoimentos. O advogado destacou que outra linha usada pela defesa é a questão da indução das crianças a apontarem uma situação que não aconteceu a partir de falsas memórias. "Tem a questão também das mães estarem apoiando o Hudson e conhecer a índole do Hudson. Existem também as falsas memórias, que são as questões psiquiátricas e psicológicas que estamos alegando.
A defesa acredita que no final tudo vai dar certo", afirma.

Enquanto a Polícia Civil não conclui o inquérito, o jovem diz que espera que isso tudo termine para tentar reconstruir sua vida. "Minha vida está parada. Não durmo, não faço nada. Eu quero dizer que antes de fazer qualquer julgamento prévio, a gente tem que ter cautela. Não ficar acusando os outros sem ter prova, porque fica uma lição de moral pra todo mundo também que acompanha os jornais, eu me considero inocente, minha consciência está tranquila", afirma.

Fase final de inquérito


Por meio de nota, a Polícia Civil afirmou que o conteúdo das declarações de Hudson não será divulgado em cumprimento ao que determina ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).  “Até o momento, 41 pessoas prestaram depoimentos - familiares, representantes da escola e o suspeito.  Um mandado de busca e apreensão foi cumprido na casa do suspeito na semana passada e um celular foi apreendido. O aparelho ainda é periciado. Os trabalhos são realizados com todo rigor e eficácia, para que os fatos sejam esclarecidos o mais breve possível.
Outros detalhes, somente na conclusão do inquérito”, afirmou. .