A queda de mais um avião no Bairro Caiçara, Região Noroeste de Belo Horizonte, provocou uma forte reação nos moradores e pessoas que frequentam a comunidade. A população está se mobilizando para pedir o fechamento do Aeroporto Carlos Prates, de onde a aeronave de pequeno porte decolou. Três pessoas morreram e outras três ficaram feridas depois que o avião caiu em um cruzamento, atingiu carros e pegou fogo. O último acidente do tipo ocorreu há poucos meses, em abril.
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Moradora do bairro desde 1978, a empresária Marilene Paolinelli, de 68 anos, levou a reportagem ao imóvel onde mora para mostrar a situação. “Eu vivo em sobressalto porque tenho essa área e tenho medo de tentarem pousar para sobreviver e cair em cima da gente. Naquela casa vermelha já caiu um ali, conseguiu encaixar no lote. Já caiu outro na Rua Lorena, aqui na Minerva é o segundo. É tenso porque a gente não sabe o momento de acontecer”, desabafou.
Marilene usou o espaço social da residência para montar um clube de jogos de tabuleiro. No momento da queda da aeronave, no início da manhã desta segunda-feira, ela pensou que a própria casa tivesse entrado em colapso. “Eu subi a escada aqui achando que era a minha casa que estava desmoronando, barulho de vidro e tudo quebrando. Quando abri o portão vi que era na minha rua e não a minha casa. A casa tremeu todinha”, contou. Ela também disse ser contra o aeroporto. “Eu acho que o melhor é o fechamento mesmo pra todo mundo ter mais sossego”, afirmou.
Morador da Rua Minerva há 45 anos, o aposentado Antônio Aderilton, de 75, viveu momentos de pânico dentro de casa. “Eu estava na mesa do café quando ouvi o barulho. Saímos correndo muito assustados, eu e minha esposa. Pensamos que fosse um posto de gasolina que tivesse estourado. Foi um barulho completamente diferente do que estamos acostumados a ouvir”, contou.
O casal saiu da residência pra ver o que havia ocorrido, mas foi surpreendido pelas chamas, que os impediram de se aproximar mais. Ele lembrou dos outros acidentes ocorridos na região e falou da sorte que tiveram. “Tinha acabado de fazer uma oração pedindo a proteção divina e foi o que aconteceu, Ele me deu essa proteção. Jamais passei tamanho susto”, comentou.
“De manhã cedo, 6h, já tem avião rodando aí”, disse o padeiro Daniel Rodrigues, de 23 anos. Ele trabalhava no momento do acidente. A padaria ficas na Rua Firmino Costa, segundo ele, a apenas 600 metros do local da queda. “Eu estava fazendo pães e escutei um baque enorme. Pensei que a máquina tinha estragado. Aí chegou um colega meu e falou 'caiu um avião no bairro, quase no mesmo lugar do outro'. Aí eu terminei os pães e fui ver”, contou. Ele também engrossa o coro a favor do “fechamento do aeroporto para garantir a tranquilidade”.
A advogada Maria Elisa Silva de 59 anos, que mora na Rua Francisco Bicalho, paralela à Minerva, vive angustiada com os pousos e decolagens das aeronaves, que segundo ela, sobrevoam sua casa a uma altura muito baixa. Ela que já vivenciou a queda do avião de pequeno porte em abril deste mesmo ano, conta que para os moradores do bairro, o drama é diário. “Isso aí é uma tragédia que vai acontecer todo dia, todos os dias esses aviões passam muito baixo, já fiz contato com a Infraero e não tomam providência e é desesperador porque a gente fica esperando quando e onde vai ser a próxima queda. Na minha casa todos estão com muito medo, o bairro é residencial e não comporta esses aviões, eu já liguei já conversei e eles pedem para filmar, vamos ter que filmar quando cai, é absurdo", relata.
Nesta manhã, o Estado de Minas relembrou outros acidentes aéreos em Belo Horizonte. Entre 2012 e 2015, quatro aviões caíram em diferentes regiões da capital mineira. Pelo menos duas das aeronaves tentavam pousar no Aeroporto Carlos Prates.
Infraero se pronuncia
A Infraero, responsável pela operação do Aeroporto Carlos Pratos divulgou uma nota sobre o acidente. Segundo a empresa, o terminal obedece os requisitos de segurança. Leia na íntegra:
“A Infraero lamenta o acidente, às 8h30 desta segunda-feira (21/10), com a aeronave Cirrus SR 20, prefixo PR-ETJ, que vitimou três pessoas e deixou outras três feridas, instantes após a decolagem do Aeroporto Carlos Prates (MG) para o Aeroporto de Ilhéus (BA). A empresa destaca que, ao ser acionada, mobilizou toda estrutura de emergência e socorro que atende ao aeroporto. Sobre as causas do acidente e demais detalhes sobre o operador da aeronave, sugerimos o contato com o Centro Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
A Infraero destaca ainda que o Aeroporto Carlos Prates opera dentro de requisitos de segurança estabelecidos nas normas da aviação civil brasileira.”