Depoimentos de técnicos de enfermagem do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram fundamentais para a prisão do médico Celso Silva Siqueira, de 51 anos, acusado de negar atendimento a Osvaldo Xavier dos Santos, de 72 anos, que faleceu na Unidade de Pronto Atendimento Ressaca (UPA Ressaca).
Preso em flagrante, o médico está detido na penitenciária Nelson Hungria em Contagem, em cela especial por ter curso superior. "Os técnicos de enfermagem do Samu prestaram depoimento e afirmaram que o médico, peremptoriamente, se recusou a fazer o atendimento", informou o elegado regional de Contagem, Luciano Guimarães do Nascimento.
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Como o médico alegou que não havia condições de fazer o atendimento no local, coube o atendimento aos profissionais do Samu. "O médico responsável em fazer atendimento a pacientes mais graves se recusou a fazer esse atendimento sob argumento que a unidade estava muito cheia e lá ele não poderia realizar esse atendimento", disse.
De acordo com o delegado, a omissão é "penalmente relevante", por isso o médico tinha o dever de agir. "O médico foi autuado pela prática de homicídio na forma do artigo 13 parágrafo 2º . Algumas pessoas tem o dever legal, o dever jurídico, de agir. Se encontram em posição que tem que agir para evitar esse resultado", disse.
No depoimento na quarta-feira (23), que durou 13 horas, o médico alegou que, em momento algum, se negou a fazer o atendimento e que na hora a unidade estava lotada. Disse que passou a avaliar o estado clínico dos demais pacientes para que uma maca fosse colocado vazio. O médico foi indiciado por homicídio simples - omissivo impróprio ou omissivo por omissão -, com pena prevista de 6 a 20 anos de prisão.