O Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental de Juatuba (Codema), na Região Metropolitana de Belo Horizonte, apura a mortandade de peixes do Rio Paraopeba. O rio é afluente do São Francisco, o maior curso d'água que nasce e deságua em território brasileiro, e também é responsável pelo abastecimento de municípios ribeirinhos.
O Codema visitou o local na manhã desta terça-feira após denúncias de moradores à prefeitura. Após a visita, o presidente do órgão, Heleno Maia, determinou a abertura de processo administrativo para apurar a causa das mortes dos peixes. “Tem aparecido alguns peixes mortos e mais para o fim da tarde e noite deve aumentar. Estivemos lá e vimos peixes agonizando em cima da água”, contou o biólogo.
Em Juatuba, estão morrendo cágados e peixes das espécies cascudo, labari, curimatã e mandi. Moradores que residem próximo ao leito do rio já começaram a reclamar do mau cheiro. “Quando entra em decomposição, causa um mau cheiro horrível. E são peixes grandes e muito resistentes”, explicou Maia.
Apesar de ser proibida a pesca no Rio Paraopeba desde o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, alguns pescadores insistem no trabalho. O presidente do Codema alerta para que os moradores não comprem os peixes da região, pois podem estar contaminados e gerar sérios riscos à saúde da população.
Apesar de não ser possível quantificar os animais mortos, Heleno Maia disse que a cidade de Juatuba trata a situação como um grande prejuízo ambiental. “Começou de manhã, mas a cada momento mais peixes estão morrendo. Cada vez que morre um peixe, a gente fica mais preocupado”, disse o biólogo.
O órgão recolheu alguns exemplares para a realização de necropsia em um laboratório em Belo Horizonte. O processo investigatório, que deve apurar qual substância, está causando a morte dos animais sai em 15 dias, mas amanhã uma prévia do laudo já deve ser liberada.
De novo?
O presidente do Codema lembra que há dois anos uma empresa fez uma limpeza de tanques com amônia e jogaram dejeto no rio, poluindo e causando a morte de vários peixes.
Desta vez, o órgão suspeita que o motivo seja descarte de produtos químicos novamente ou rejeitos de minérios da barragem de Córrego do Feijão, em Brumadinho, que rompeu em janeiro. O biólogo acredita na possibilidade da proliferação dos rejeitos com a chegada das chuvas.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.