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Rastros do temporal: moradores de BH avaliam as ações da prefeitura na hora da inundação

Primeiro teste da aposta da administração municipal da capital mineira para enfrentar o período chuvoso deste ano e evitar mortes como as de 2018 minimiza danos ao isolar áreas sujeitas a alagamento


postado em 31/10/2019 06:00 / atualizado em 31/10/2019 07:39

Márcia maria Cruz/EM/DA Press
No dia seguinte à inundação na Tereza Cristina, moradores e comerciantes, como Vicente Carvalho, de 71 anos, lembram momentos de pânico enfrentados na terça-feira (foto: Márcia maria Cruz/EM/DA Press)

No dia de tentar colocar a vida em ordem depois de temporal que concentrou em poucas horas quase a chuva inteira prevista para o mês de outubro, moradores do Bairro Betânia, na Região Oeste de Belo Horizonte, onde a inundação da Avenida Tereza Cristina deixou rastros de destruição na terça-feira, avaliaram que ações adotadas para prevenção de enchentes diminuíram danos, mas ainda se mostram insuficientes para evitar que ocorram. Pela primeira vez, o plano de contingência de órgãos de Defesa Civil de BH para reduzir riscos nas chuvas foi posto em prática, com o fechamentos de 12 pontos na Avenida Tereza Cristina, 23 pontos na Vilarinho e a retirada de pessoas em áreas sujeitas a inundação.

Ontem, moradores tentavam voltar à rotina, mas, com previsão de mais temporais, o temor de uma tragédia era grande. A Defesa Civil chegou a emitir  alerta de chuva de granizo, que acabou não se confirmando. A terça-feira, em Belo Horizonte, concentrou a chuva próxima à média histórica de todo o mês de outubro nas regiões Norte e Nordeste da cidade, que registraram 99,2 milímetros. A média histórica para o mês inteiro em BH é de 104,7 milímetros, segundo a Defesa Civil.

O órgão registrou quatro pontos de alagamento na capital. “As pessoas não imaginam como a gente está hoje: tensão nervosa e cansaço mental”, disse Vicente Carvalho, de 71 anos, proprietário da loja de colchões Vida Nova. Ontem ele contava prejuízos na Avenida Tereza Cristina, que foi tomada pelas águas do Ribeirão Arrudas. Além do plano oficial, os próprios moradores se mobilizaram para salvar vidas e evitar mortes, como as quatro ocorridas na temporada chuvosa de 2018. Vicente e o filho Paulo Carvalho, de 34, ajudaram a salvar uma mulher e evitar que fosse arrastada pela enxurrada. “Ela estava desesperada, gritava e chorava. A correnteza estava levando. Peguei uma corda para resgatá-la”, relata Paulo.

O carro estacionado em frente à loja de Vicente foi tragado pela enxurrada, o que pode ter danificado toda a parte elétrica do veículo. Os sinais da força da água puderam ser vistos na quantidade de galhos e rejeitos que ficaram embaixo do carro ou enroscados em pneus. Funcionários da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) fizeram a desobstrução de bocas de lobo e do leito do curso d'água. “Quando fizeram a obra na região do Bairro Tirol, melhorou demais. Mas a inundação veio do Bairro Eldorado e caiu no Córrego Ferrugem”, afirmou. Ele avalia que o problema se agrava devido ao lixo jogado no córrego e em afluentes. “As pessoas jogam garrafas PET, poltronas e até geladeiras nos córregos”, critica.

Durante o temporal, o cortador de vidros Francisco Londres Filho, de 80, também ajudou a salvar pessoas da inundação. “Ajudamos o povo a sair dos carros”, contou. Abalados e temendo futuras tragédias, moradores acreditam que as obras e os planos de emergência da prefeitura minimizaram os danos, embora ainda não tenham sido suficientes. “Em vista do que já aconteceu, o temporal de ontem para hoje foi mínimo”, afirma o vigilante Jadílson Pereira Lopes. A horta da casa dele fica às margens da Avenida Teresa Cristina. Ele comemorou que as inundações, desta vez, não atingiram as verduras.

Além dos transtornos trazidos pela inundação, quem passou pela Avenida Tereza Cristina ontem ainda se deparou com a falta de sinalização. Em alguns pontos, os semáforos não estavam funcionando. Equipe da BHTrans que sinalizou o cruzamento com a Via 210 informou que os semáforos não funcionavam por falta de energia. De acordo com o fiscal da BHTrans Josué Ferreira, o cabeamento de energia elétrica foi roubado e por isso os sinais estavam fora do ar. “Sinalizamos nas interseções para tornar mais seguro o trânsito, evitando acidentes”, disse.

Arte EM
(foto: Arte EM)


Rota de fuga


Pela primeira vez, a prefeitura pôs em prática os planos de contingência criados para minimizar os danos das chuvas. Em entrevista ao portal G1 sobre os estragos provocados pela enchente, o prefeito Alexandre Kalil, chegou a dizer que não é possível “resolver 50 anos de problemas em dois”, referindo-se ao seu mandato. O diretor de Articulação Institucional da Defesa Civil de Belo Horizonte, Roger Victor, explicou que, assim que a Diretoria de Monitoramento detectou a ameaça de tempestade, emitiu alerta preventivo pela imprensa e redes sociais (veja quadro) e acionou as equipes para se direcionarem aos locais.

“A Defesa Civil sabe por onde está chegando essa chuva. A partir daí, se dá início ao monitoramento visual. O plano de contingência já é acionado preventivamente. Quando é necessário, se (a equipe) achar que deve interditar, é dada a ordem de fechamento das vias”, explica. Segundo ele, foi o que ocorreu no fechamento de acesso a Avenida Tereza Cristina, que teve 12 pontos de interdição, e a Vilarinho, com 23. Não houve necessidade de acionamento dos planos de bloqueio para as avenidas Francisco Sá e Prudente de Morais. O Estado de Minas solicitou detalhamento dos planos, mas os pontos de fechamento não foram divulgados.

O representante da Defesa Civil nega que o fechamento das vias tenha criado bolsões em que aqueles que se encontravam na área de inundação tenham sido impedidos de sair. “O que ocorre é o fechamento preventivo de vias, para diminuir sensivelmente a exposição de pessoas ao risco de transbordamento do córrego. Mas as rotas de saída, claro, sempre ficam abertas. Não é como muita gente está dizendo... Não se fecha um caixote e salve-se quem puder”, ressalta. Victor também afirma que a equipe do órgão público conseguiu socorrer 13 crianças que estavam em uma van arrastada pela enchente.

Waze


Além do plano de contingencia, pela primeira vez a Defesa Civil de BH usou o aplicativo Waze para informar cidadãos sobre os alagamentos, recurso tratado como um “diferencial”. “Todo motorista que estava a caminho da região (sujeita a alagamento) foi avisado, o que já diminuiu sensivelmente a presença nas áreas”, informou.
Ele também orienta a população, em caso de chuva forte, a evitar caminhos com avisos de restrição de acesso. “A população tem que fazer a parte dela e não transitar nas áreas sujeitas a inundações. Saia um pouco mais tarde, vá um pouco depois... A quantidade de chuva a gente não pode evitar, mas é preciso ter um comportamento de autoproteção, de proteção comunitária”, diz o representante da Defesa Civil.


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