Uma tarde de sexta-feira com temporal e reflexos que testaram a paciência de motoristas em Belo Horizonte: quedas de árvores, semáforos em flash e preocupação nas áreas de risco. O primeiro dia de novembro testou, pela segunda vez no ano e na semana, o plano de isolamento das zonas críticas de alagamento na capital. Ontem, mais uma vez, o fluxo foi interrompido nas avenidas Vilarinho e Tereza Cristina, dois dos trechos mais vulneráveis da cidade, que já haviam sido fechados na terça-feira. Pela manhã, a Prefeitura de BH convocou entrevista coletiva para detalhar as obras, entre executadas e planejadas, para enfrentar os reflexos das chuvas.
A chuva veio acompanhada de um alerta da Defesa Civil, que avisou, às 12h de ontem, sobre a possibilidade de pancadas com raios e rajadas de vento em torno de 50km/h. A ameaça se confirmou pouco mais de duas horas depois: houve precipitação em todas as nove regionais da cidade. Os maiores índices ocorreram nas regiões de Venda Nova, Centro-Sul e Pampulha – todos acima de 20 milímetros. A média histórica do mês é de 239,8 milímetros.
Na Região Centro-Sul, a tempestade resultou em quedas de árvores, uma delas na Rua São Paulo, no Centro da capital. O acidente ocorreu entre a Avenida Afonso Pena e a Rua Carijós. De acordo com o Corpo de Bombeiros, ninguém ficou ferido. Sirlene Maria da Silva, de 32 anos, trabalha em uma loja em frente onde aconteceu o acidente. “A árvore foi caindo devagarzinho, tinha um taxista estacionado logo embaixo dela e nós começamos a gritar para ele sair”, contou.
Árvores também caíram em outras três regiões da cidade. No Barreiro, um veículo foi atingido na Avenida Antônio Eustáquio Piazza, no Tirol, próximo ao Supermercado Apoio Mineiro, impedindo a entrada da loja. Ninguém ficou ferido. Na Região Oeste de BH, uma árvore plantada no passeio caiu atingindo a área de um prédio na Avenida Miguel Moisés, no Bairro Nova Gameleira. Segundo os militares, o tronco ficou apoiado em fios de telefonia.
Já na Avenida Ministro Oliveira Salazar, Bairro Santa Mônica, em Venda Nova, galhos de árvore que caíram arrebentaram fios da rede de energia da Cemig, próximo ao Centro de Saúde do bairro e à Escola Estadual Ari da Franca. Nessas duas últimas ocorrências também não houve vítimas.
Assim como na tempestade da última terça, a Defesa Civil voltou a fechar as avenidas Tereza Cristina e Vilarinho. Cruzamentos ficaram interditados por quase 40 minutos em cada um dos dois endereços, para evitar que pedestres e veículos passassem pelas zonas de risco. Além disso, novamente razão das chuvas, a prefeitura expediu alerta para áreas de risco de desabamento. O aviso vale até as 23h de amanhã.
OBRAS Ontem, em entrevista coletiva na sede do Executivo municipal, o secretário de Obras e Infraestrutura, Josué Valadão, afirmou que obras para resolver os problemas na Avenida Vilarinho devem começar no primeiro semestre do ano que vem, entre março e abril, após o atual período chuvoso. O prazo previsto para finalizar a primeira etapa das intervenções é de dois anos. Problemas na concepção do projeto inicial levarão a atraso de nove meses nas intervenções, informou.
Em setembro, a prefeitura apresentou a representantes do Tribunal de Justiça, Ministério Público e Tribunal de Contas o novo projeto contra cheias na Vilarinho, prevendo a ampliação da capacidade de armazenamento de água em pontos dos córregos do Nado e Vilarinho. Serão implantados novos grandes reservatórios e ampliadas as capacidades de quatro existentes.
Segundo a PBH, desde janeiro de 2017 foram concluídas obras de macrodrenagem como a ampliação do canal do Córrego Ressaca na Avenida Heráclito Mourão, na Região da Pampulha, a recuperação da galeria do Córrego Acaba Mundo, na Região Centro-Sul, e o desassoreamento da Barragem Santa Lúcia, na mesma regional, reduzindo problemas causados pelas chuvas na Avenida Prudente de Morais.
A prefeitura acrescentou que foi concluída recentemente a primeira etapa da obra do Córrego Túnel/Camarões, no Barreiro, com a implantação de duas bacias. Na região ocorrem ainda intervenções como o tratamento de fundo de vale da sub-bacia do córrego da Rua Marselhesa, o esgotamento sanitário ao longo das margens e a recuperação do canal, assim como obras de microdrenagem nos córregos Olaria/Jatobá, segundo o Executivo municipal.
Estão em fase final as obras de prevenção nos córregos Assis das Chagas/São Francisco, com a bacia já em operação, para reduzir alagamentos na região do aeroporto da Pampulha. Da mesma forma, estão em andamento obras no sistema de macrodrenagem da Bacia do Ribeirão do Onça, na Região Nordeste, de tratamento do fundo de vale e controle de cheias na Bacia do Córrego do Nado, em Venda Nova, e a implantação de laje de fundo no canal do Córrego Ressaca, no trecho que percorre a avenida Heráclito Mourão de Miranda, próximo ao Parque Ecológico, além do desassoreamento da barragem da Pampulha.
* Estagiária sob supervisão do editor Roney Garcia