Boa notícia, em dose dupla, para os moradores de São João del-Rei, na Região do Campo das Vertentes, e admiradores da cultura local: um dos prédios mais importantes do núcleo histórico está sendo restaurado para abrigar o acervo de um museu municipal ainda sem sede própria. Com recursos em torno de R$ 200 mil do Fundo Municipal do Patrimônio Cultural (Fumpac), o Casarão do Barão, do início do século 19, entrou em obras para receber objetos, telas, louças, ferragens, material de cozinhas e outras peças. “O Museu Tomé Portes del-Rei, com um conjunto eclético, funciona “apertado” no prédio da Secretaria de Cultura e Turismo, e, com o restauro, terá mais espaço para visitação”, informou, ontem, o secretário interino da pasta, Ulisses Passarelli.
Leia Mais
Polícia investiga incêndio que destruiu casarão do século 19 em Poços de CaldasCasarão de padre Belchior é restaurado em Pitangui de olho no bicentenário da IndependênciaCasarão Villa Rizza vira retrato de descuido; empresa proprietária tenta leiloar imóvel Vandalismo na Casa de Cultura põe em risco estrutura do imóvel construído no século 18Localizado na Rua Padre José Maria Xavier, 174, uma das mais antigas vias públicas do município, e próximo à igreja de São Francisco de Assis, monumento barroco do século 18, o sobrado receberá também o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural, responsável pelo tombamento da construção. De propriedade do estado e cedido à prefeitura, era ocupado por um órgão público. Em nota divulgada pela prefeitura, a presidente do conselho, Ruth Viegas informou que, após a conclusão do restauro, que teve aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o prédio terá salas para exposições.
Com previsão de durar três meses, a obra está a cargo do arquiteto José Luiz Baccarini Neto, que destaca a necessidade de intervenção na fachada, parte hidráulica, calhas e outros setores da edificação. “Trata-se de um prédio de relevância para São João del-Rei, pois, conforme estudos, hospedou o imperador dom Pedro II (1825-1891)”. A parte elétrica, explica o arquiteto, está em boas condições”. Ulisses acrescenta que o imóvel tem proteção em três níveis, pois se encontra no polígono tombado pelo Iphan e pelo Conselho Municipal, sendo que, no segundo caso, há tombamento individual. “Queremos que seja uma casa para a cultura e arte”, observa o secretário.
HISTÓRIA Primeiro e único barão de São João del-Rei, Eduardo Ernesto Pereira da Silva recebeu o título por decreto imperial em 3 de setembro de 1871. Não há registro civil da data de seu nascimento, apenas que foi batizado em 6 de fevereiro de 1825 na Matriz Nossa Senhora do Pilar, hoje Catedral-Basílica deSão João del-Rei. Morreu em 30 de junho de 1881, sendo sepultado no cemitério da Igreja São Francisco de Assis.
Formado em Medicina no Rio de Janeiro (RJ), Eduardo Ernesto exerceu o cargo de Provedor da Santa Casa de Misericórdia na antiga capital do império. Em São João del-Rei, foi presidente da Filarmônica São-Joanense, lecionou filosofia racional, moral e princípios de direito e frequentou diversas irmandades religiosas. Foi também Cavaleiro da Imperial Ordem de Cristo e Oficial da Imperial Ordem da Rosa.
Já Tomé Portes del-Rei, que dá nome ao museu municipal, foi um dos pioneiros na região do Rio das Mortes, que banha o Campo das Vertentes – ele partiu de Taubaté (SP) e foi responsável por uma das primeiras fixações populacionais de europeus ou paulistas, por volta de 1700, perto de onde se fundou, em 1713, o povoado que deu origem a São João del-Rei. O prédio que abriga atualmente o acervo do museu municipal, chamado de Casa de Bárbara Heliodora, sedia, além da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, a Academia São-Joanense de Letras e uma das capelas dos Passos da Paixão, que retrata a via-sacra de Cristo.