Jornal Estado de Minas

PATRIMÔNIO

Catas Altas tem ateliê de restauração aberto a turistas



Investimento na restauração de peças sacras para valorizar o patrimônio, preservar a cultura e manter viva a história. Em Catas Altas, na Região Central de Minas, o consistório da Matriz Nossa Senhora da Conceição, no Centro, se transformou em ateliê para receber 77 objetos de fé, incluindo 12 imagens, do acervo da Igreja Nossa Senhora do Rosário também do século 18 e atualmente em obras. Quem visita o templo e vai à antiga sala de reuniões do clero pode ver a equipe de oito pessoas dedicada ao “tesouro” com a maioria de joias barrocas do século 18 e outras que remontam ao 19 e início do 20.

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“O espaço está aberto aos moradores e turistas, que podem acompanhar nosso trabalho”, diz o restaurador Roberto Cláudio Miranda, com mais de 20 anos de experiência no setor. A ação, no valor de R$ 639 mil, faz parte da terceira etapa do Projeto Preserve, da Prefeitura de Catas Altas, destinado a recuperar o patrimônio local com recursos da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM).

“Trata-se de iniciativa importante para resgate da identidade, da força da cultura e também para o desenvolvimento econômico, via turismo, atrativo de Catas Altas que fica aos pés da Serra do Caraça”, afirma o secretário municipal de Turismo e Cultura, Rodolfo Sanches, recém-eleito presidente da Associação dos Municípios do Circuito do Ouro. Integrante da Estrada Real, a cidade está no Circuito do Ouro, no roteiro Entre Serras (serras da Piedade e Caraça). Ele acrescenta que os serviços favorecem a educação patrimonial.

As intervenções começaram há um mês e só terminarão em 2021, com previsão de durar 18 meses, informa o especialista Roberto Cláudio Miranda, da empresa Seculus Restauro, de Catas Altas, responsável pelas etapas anteriores do Preserve – peças sacras das capelas de Santa Quitéria (primeira fase) e Nosso Senhor do Bonfim. “É louvável usar esse dinheiro para o patrimônio cultural, ainda mais agora, da Igreja Nossa Senhora do Rosário, uma das mais antigas do município”, afirma Roberto, formado pela Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop).

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Entre os principais problemas apresentados pelas peças sacras estão desprendimento de policromia, sujidade, perda de suporte e outros que põem em risco a arte de “muita qualidade”, na avaliação do restaurador. Além das 12 imagens, o conjunto inclui três atributos (cruzes) de imaginárias, fragmento também de imaginária, uma pintura referente a ex-voto (pagamento de promessa ou agradecimento), fragmento de retábulo, 28 objetos de iluminação, três instrumentos de comunicação sonora (campainha, sino e sineta), quatro materiais de ritual, 11 adereços de imaginária (resplendores e coroas), duas insígnias, dois materiais processionais, cinco móveis de descanso, móvel de guarda e três móveis religiosos.

O Projeto Preserve tem recursos totalizados em R$ 1.3 milhão, sendo R$ 1 milhão para restauro de 100 peças sacras de três templos e R$ 300 mil para obras na Matriz de Nossa Senhora da Conceição, Igreja do Rosário e Capela do Bonfim. Conforme a prefeitura, as intervenções foram aprovadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no caso da matriz, e pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), especificamente para a igreja do Rosário e a Capela do Bonfim.