Procura-se Papai Noel. Na reta final da campanha de Natal, os Correios estão em busca de pessoas que queiram adotar cartinhas enviadas ao bom velhinho, para que nenhuma criança fique sem presente. Amanhã e domingo, quatro agências em Belo Horizonte estarão abertas exclusivamente com essa finalidade. Na capital e em Contagem, a campanha termina na próxima sexta-feira, mas pilhas de cartas, enviadas por alunos de escolas públicas, creches, abrigos e orfanatos, ainda se amontoam sobre as mesas.

 

No ano passado, foram mais de 28 mil cartas recebidas pela instituição, com adoção de 99% delas. Este ano, a impressão dos funcionários é de que o ritmo anda mais lento. No sábado e domingo, as agências dos Correios no BH Shopping, Shopping Cidade e Shopping Del Rey estarão abertas para a distribuição das cartas e entrega de presentes. No domingo, a agência Central dos Correios, na Avenida Afonso Pena, vai aproveitar o movimento da Feira de Artesanato e montar o escritório do Papai Noel em frente ao prédio.

 

Ler as cartas das crianças é uma diversão à parte e dá gosto ver os papéis cheios de desenhos, corações e cores, mostrando o capricho para agradar Noel. Os pedidos são de presentes mais simples, como um pote de massinha ou uma bola, até os mais ousados, como um drone ou celular. Muitos pedem carrinhos, bonecos de personagens infantis, bonecas em geral e bicicletas.

 

João Pedro Vieira, de 7 anos, sonhou alto neste Natal e pediu um tablet. “Mas, se o Papai Noel estiver apertado pode ser qualquer coisa”, diz o menino, junto da mãe, Aline Rodrigues, de 29, que foi levar a carta dele à Agência Central dos Correios. É bom avisar que a prioridade são para as cartas das escolas conveniadas e a orientação da instituição é que as correspondências não sejam entregues na agência.

 

Como apadrinhar

Para ser “Papai Noel” e apadrinhar as cartas, os requisitos são poucos, mas grandiosos: ser solidário e ter compromisso. Quem adota uma carta precisa se comprometer a retornar à agência ou ponto de entrega com o presente. Os Correios avisam que não distribuem cartas diretamente nas residências. Elas ficam disponíveis em locais indicados no blog da campanha (blog.correios.com.br/papainoeldoscorreios/). As datas da iniciativa podem variar conforme a cidade e o estado.

 

 

Do lado de quem doa, as histórias são tocantes, a maioria de Mamães Noéis, já que a maior parte das doações vem de mulheres. A telefonista Lorena Ferreira, de 29 anos, saiu ontem com a bolsa cheia de cartas, que seriam distribuídas na família, que também já esteve do lado de “lá”. O filho dela, Ângelo, de 14 anos, recebeu muitas vezes presentes do Papai Noel dos Correios. Ela sentiu que era a hora de retribuir. “É a primeira vez que vou apadrinhar. Ele ficava tão feliz... Ângelo tem necessidades especiais e pedia presentes muito inusitados. Nunca deixou de ganhar, nem que fosse um urso, um brinquedo de montar”, conta.

 

Na casa da analista de sistemas Liliane Costa, de 35, os natais sempre foram bem simples. “Ou era comer ou ganhar presente. Eu sempre pedia para o Papai Noel, mas ganhava o que 'dava'. Hoje me sinto muito feliz em dar esse presente”, contou, enquanto selecionava cartinhas, na Agência Central dos Correios.

 

De cabelos brancos e óculos arredondados, a professora Rosana Costa, de 62, é a própria imagem da Mamãe Noel. Há cinco anos ela apadrinha crianças e garante: melhor que receber presente é dar. “Eu me sinto melhor do que ganhando. Escrevo a cartinha como se fosse Papai Noel.” Os pedidos mexem com memórias de infância. “Gosto de selecionar as bonecas Barbie, porque, quando era criança ganhei uma boneca que fechava o olho e tinha cabelo bonito, e adorei”, lembra.

 

A dona de casa Maria das Graças Mendonça, de 70, vai passar o Natal longe dos netos, que se mudaram para os Estados Unidos, e teve vontade de agradar a outras crianças. “Uma das crianças pediu uma boneca com 10 vestidos e outra um carrinho. Comprei um carrinho do Corpo de Bombeiros. Quem sabe ele não fica querendo ser bombeiro?”, especula. Mãe de quatro filhos e rigorosa com a criação, ela só não ficou muito satisfeita com a escrita dos alunos. “Percebi muitos erros e muita letra que era aquele 'garrancho'. Eles precisam ter um suporte maior na alfabetização e caligrafia”, alerta.

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