Policiais civis cumpriram mandados de busca e apreensão em dois endereços comerciais e uma residência, na manhã desta sexta-feira, como parte das investigações que apuram uma denúncia de racismo envolvendo uma oferta de emprego em Belo Horizonte. Uma cuidadora de idosos de 41 anos denunciou duas empresas de recrutamento e qualificação profissional após um anúncio de uma vaga pedindo candidatas que não fossem “negras ou gordas”.
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'Não vou me calar', diz cuidadora excluída de seleção que vetava candidatas 'negras e gordas'Racismo: mulher é condenada a um ano de prisão por xingar síndico de 'negro safado'Ginecologista preso em BH é indiciado por importunação sexual Troca de mensagens entre as empresas Home Angels e Leveza do AfetoPoliciais apreendem mais de 9.800 porções de drogas, em Além ParaíbaA policial informou que os celulares vão passar por perícia. O processo pode levar duas semanas, mas depende da quantidade de aparelhos recolhidos. O prazo para conclusão do inquérito é de 30 dias.
Em resposta ao Estado de Minas, a Home Angels se limitou a dizer que "está à disposição da Justiça aguardando o desenrolar das investigações". A reportagem também tentou contato com responsáveis pela agência A Leveza do Afeto, mas até a publicação da matéria ninguém havia sido localizado.
Entenda o caso
O episódio ocorreu em 31 de outubro. As oportunidades foram anunciadas por meio de uma lista de distribuição do WhatsApp administrada pela agência A Leveza do Afeto, que atua na formação de cuidadores de idosos e posterior indicação dos profissionais ao mercado de trabalho. Demandadas por uma franquia da empresa Home Angels, as vagas eram temporárias, destinadas a folguistas, com remuneração de R$ 100 por plantão, mais vale-transporte.
Empregada há dois anos com carteira assinada, Eliângela Lopes afirma que ela e várias de suas colegas frequentemente se candidatam a anúncios como esses para complementar a renda. “Achei que era fake news. Em seguida, escrevi a ela dizendo que aquilo era muito preconceito, mas ela me respondeu que era exigência do cliente e que não podia fazer nada. Fiquei impressionada com o fato de uma psicóloga apoiar tamanha discriminação”, relatou Eliângela em entrevista ao Estado de Minas no dia 13 de novembro.
Pouco tempo depois, a empresária teria enviado uma nova mensagem às integrante da lista de transmissão, na qual se desculpava. “Um pouco mais tarde, nos falamos também por telefone. Acho que ela se deu conta do que tinha feito, mas não é simples assim. Eu me senti um lixo quando li o anúncio, chorei muito. Então conversei com o presidente da associação dos cuidadores de idosos de BH e decidi não me calar. Fiz uma denúncia à polícia e espero justiça”, relatou a cuidadora de idosos, com quatro anos de experiência. Leia a matéria na íntegra. (Com informações de Cecília Emiliana)