Ainda não será este ano, quando Diamantina comemora duas décadas como patrimônio da humanidade, que a cidade do Vale do Jequitinhonha, ao lado de outras da região mineira, sentirá o sabor de outro título internacional de relevância. Conforme a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), ficou para o primeiro trimestre de 2020 a divulgação do resultado ou reconhecimento, pela instituição, dos municípios integrantes do programa Sistemas Importantes do Patrimônio Agrícola Mundial (Sipam). Nesse aspecto, entram em cena, como fortes candidatas, as famílias apanhadoras de sempre-vivas e personagens típicos da Serra do Espinhaço, cuja parte em Minas Gerais se tornou Reserva da Biosfera. Se houver sinal verde da FAO, será a primeira experiência com tal certificação no país.
Mas a festa não para em Diamantina. De acordo com os organizadores da comemoração, haverá muitas atrações ao longo de dezembro. Para entender melhor essa vitória, é preciso voltar no tempo. Há duas décadas, em 1º de dezembro de 1999, a 23ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em Marrakech, no Marrocos, aprovou por unanimidade a inscrição do Centro Histórico de Diamantina na seleta Lista do Patrimônio Mundial. Era o terceiro título com a chancela da Unesco conquistado por Minas – antes receberam Ouro Preto (1980) e o Santuário Basílica Bom Jesus de Matosinhos (1985), em Congonhas, somando-se, em 2016, o Conjunto Moderno da Pampulha, em Belo Horizonte.
O título deu mais visibilidade a Diamantina, terra de Chica da Silva e do ex-prefeito de BH, governador de Minas e presidente da República Juscelino Kubitschek (1902-1976). Poucos meses antes da definição da Unesco, conforme mostrou o Estado de Minas, a cidade, chamada nos tempos coloniais de Arraial do Tijuco, era tomada por placas comerciais de todos os tipos, o que encobria a beleza dos prédios e monumentos – depois, houve mudança.
Com mais visibilidade, o município atraiu mais turistas, que têm à disposição a culinária e um patrimônio cultural diversificado, incluindo a música. Na época, a Unesco ressaltou: “Diamantina é uma cidade colonial engastada como uma pedra preciosa em um inóspito maciço montanhoso. É um testemunho da aventura dos buscadores de diamantes do século 18”. Assim, a cultura e a musicalidade da cidade foram também decisivas para o reconhecimento internacional, conforme dossiê encaminhado à Unesco, em 1998.
Para curtir
Para comemorar a conquista, a Prefeitura de Diamantina, via Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Patrimônio mostra as próximas atrações – no período de 20 a 21 de dezembro (veja quadro). Caminhar pelo Centro da cidade – além da sede, há 11 distritos – se assemelha a um mergulho na história iniciada no Arraial do Tijuco e cristalizada nas construções com a moldura da Serra dos Cristais e das pedras capistranas. Estão lá para encantamento dos visitantes: a Casa da Glória, com o passadiço, a Biblioteca Antonio Torres (Casa do Muxarabiê), o Mercado, a Casa de Chica da Silva (1732-1796, escrava alforriada, mulher do contratador de diamantes, João Fernandes), as igrejas Nossa Senhora do Carmo e São Francisco de Assis, o Museu do Diamante, a Catedral Metropolitana e outros, como o Caminho dos Escravos, que dão mais beleza e charme à Trilha dos Diamantes da Estrada Real.
Na quarta-feira, dia 11, na sede do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, será lançado o calendário de eventos 2020 de Diamantina.
Programação
Dia 20/12
Na Praça do Mercado, em Diamantina
18h – Mostra de produtos artesanais (queijos, vinhos e cerveja)
20h30 – Lançamento do calendário de eventos
21h – Concerto Jobiniano (música de Tom Jobim), com a Orquestra Sinfônica Jovem de Diamantina, com Wander da Conceição
23h – Apresentação da JK Jazz Band
Dia 21/12
17h – Festival de gastronomia, dentro do projeto Garimpando Sabores
18h – Cortejo de grupos culturais
19h – Vesperata especial, na Rua da Quitanda, no Centro Histórico
22h – Show Famílias Musicais de Diamantina
Observação: Informações sobre a programação pelo telefone (038) 3531-9537 ou pelos sites www.diamantina.mg.gov.br e vivadiamantina.com.br e nas redes sociais da prefeitura.
Programação sujeita a alterações.
Apanhadoras de sempre-vivas
Municípios de Diamantina, Bocaiúva, Olhos d’água, Buenópolis, Couto Magalhães, Serro e Presidente Kubitscheck, no Alto Jequitinhonha, buscam a certificação concedida pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no programa Sistemas Importantes do Patrimônio Agrícola Mundial (Sipam). O foco está nas famílias apanhadoras de sempre-viva e personagens típicos da Serra do Espinhaço, em 20 comunidades formadas por quilombolas e descendentes de indígenas estabelecidos há séculos na região.