A clínica do Barro Preto, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, onde uma paciente de 48 anos morreu durante procedimento estético de redução de mamas, tinha alvará de autorização sanitária apenas para pequenos procedimentos ambulatoriais. Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, a unidade não estava autorizada a realizar qualquer outra cirurgia de médio ou grande porte, como a que vitimou a mulher. A vítima foi identificada como Adriane Zulmira do Nascimento. A Polícia Civil abriu inquérito para apurar as causas do óbito, e a Secretaria Municipal de Saúde informou que “adotará as medidas necessárias”.
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Mulher morre durante procedimento em clínica estética de BHPBH aponta irregularidade em clínica onde mulher morreu durante plástica Os riscos da atuação no mercado do 'culto à aparência perfeita'Polícia apreende documentos em clínica de estética onde jovem morreu em BHPolícia apura morte de jovem após cirurgias plásticas em BHPlásticas no Brasil crescem sob influência do culto ao corpo na internetCorpo de adolescente encontrado dentro de tambor no Norte de Minas 'Mães do bumbum' expõem riscos da beleza a qualquer custo. Saiba como se protegerFamiliares da paciente contaram que o tamanho dos seios causava a Adriana problemas na coluna e que, por isso, ela decidiu se submeter ao procedimento. A vítima teria tentando fazer a cirurgia por meio da operadora do plano de saúde, mas sem sucesso. Então, optou por fazer a redução na clínica particular. Durante a operação, o médico responsável pelo procedimento teria dito à acompanhante que a vítima estava com baixa saturação de oxigênio no sangue, mas que os demais sinais vitais estavam estáveis.
Em um segundo momento, o médico voltou a conversar com a acompanhante. Segundo o relato registrado pela PM, ele informou que o quadro tinha se agravado e que a paciente precisaria ser levada para um hospital. O estado de saúde de Adriana era grave, informou. Pouco depois, ainda de acordo com o boletim de ocorrência, o cirurgião informou que a mulher havia morrido, sem dar mais explicações, de acordo com a testemunha. Foi por volta das 10h que familiares foram chamados. Segundo o relato de parentes, os funcionários da clínica disseram, apenas, que teria ocorrido uma “fatalidade” durante o procedimento. A polícia foi chamada e o corpo, removido para o Instituto Médico-Legal (IML).
O Estado de Minas tentou entrar em contato com a clínica São Fidélis, mas não obteve retorno nessa segunda-feira.
O Estado de Minas tentou entrar em contato com a clínica São Fidélis, mas não obteve retorno nessa segunda-feira.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a clínica tinha Alvará de Autorização Sanitária para pequenos procedimentos ambulatoriais, tais como vasectomia. A unidade estava em processo de renovação de seu alvará, no qual foi submetida à última vistoria em outubro. Na ocasião, foram solicitadas adequações de alguns itens referentes a esses procedimentos autorizados, segundo a Prefeitura de BH. “No momento foi comunicado pelo fiscal sanitário à clínica que a unidade não estava autorizada a realizar qualquer outra cirurgia de médio ou grande porte”, informou a administração municipal. A Secretaria Municipal de Saúde anunciou “análise imediata e aprofundada do ocorrido” e informou que adotará as medidas pertinentes, de acordo com legislação. O caso está sendo investigado também pela Polícia Civil, que instaurou inquérito para apurar as circunstâncias e eventual responsabilidade sobre a morte da vítima.
Indicações
De acordo o presidente da regional mineira da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Alexandre Meira, a redução de mamas é um procedimento que trás benefícios no ponto de vista postural, reparador e estético. “É importante para o bem-estar no paciente e a autoestima”, explicou. Segundo ele, trata-se de uma cirurgia de porte médio, que pode ser feita em hospitais e clínicas – desde que atendam a todas as exigências estruturais necessárias.
O protocolo indica que qualquer intercorrência médica deve ser resolvida no próprio bloco cirúrgico. Por isso, o cirurgião plástico estranhou a indicação que consta no boletim de ocorrência, segundo a qual a mulher deveria ser transferida para um hospital. O médico conta ainda que, do ponto de vista técnico, não se trata de uma operação de grande complexidade. “São mais comuns complicações no pós-operário, com risco em embolia pulmonar ou de trombose”, acrescentou.
Tudo indica que a mulher morreu ainda durante o procedimento, que dura cerca de três horas. “Todo procedimento envolve risco. Sempre oriento meus pacientes: risco zero ocorre apenas quando o procedimento médico não é realizado. A partir disso, é necessário fazer com que o paciente entenda se a cirurgia é realmente necessária. É preciso ficar clara a indicação”, pontuou o especialista.
Ela alerta ainda para a importância do diagnóstico, como em qualquer tipo de cirurgia. Depois de ser bem orientando, o especialista indica ser necessário buscar um profissional capacitado a fazer o procedimento, que pode custar de R$ 9 mil a R$ 20 mil. “O valor pode variar muito, de acordo com o profissional, acrescentou. Ainda segundo ele, o médico que realizou o procedimento – cujo nome não foi divulgado – tem registro e especialização na área para fazer intervenções do tipo.