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Brumadinho: por que o tratamento da água enfrenta teste definitivo na estação chuvosa

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Passado praticamente metade do período chuvoso 2019/2020, as atenções de responsáveis por estancar a entrada de rejeitos de minério de ferro no Rio Paraopeba não desgrudam de medidores de turbidez e de amostras de água. A série de obras emergenciais feitas para interromper o aumento da poluição no leito após o rompimento da Barragem B1 da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, terminou em maio, mas passa pelo teste decisivo com as chuvas torrenciais que são mais intensas deste mês a março.



O limite de turbidez – partículas em suspensão na água – aceitável, segundo o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), é de 100 NTUs. Segundo as medições da Vale, desde maio esse índice não foi mais ultrapassado no Córrego Ferro-Carvão, manancial afluente do Rio Paraopeba que serviu de calha para o escoamento de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos da barragem, rompida em 25 de janeiro. As obras emergenciais forma concluídas este mês. Antes do início dessas intervenções, a taxa de turbidez chegou a ser de 60 mil NTUs.

Se a turbidez se mantiver abaixo de 100 NTUs após março, será possível dizer que com praticamente quatro meses o carreamento de rejeitos foi cessado, após o fechamento da cortina de estacas-pranchas, em 25 de maio, antes do fim de todas as obras emergenciais, abrindo caminho para outas atividades de recuperação ambiental. “A principal dificuldade foi fazer obras apenas dentro da área afetada, uma vez que nos comprometemos a não trazer qualquer outro impacto ambiental fora da área atingida, incluindo vias públicas e comunidades”, afirma o gerente-executivo da Vale para as obras de reparação de Brumadinho, Rogério Bueno Galvão. A obsessão pela redução dos índices de turbidez é tanta que o engenheiro conta com duas câmeras remotas que transmitem para seu celular os índices medidos em tempo real.

Contenção


As obras emergenciais seguem desde os destroços da Barragem B1, que se rompeu, e a B6, que chegou a ser avariada e foi reforçada, até a confluência do Córrego Ferro-Carvão com o Rio Paraopeba, por uma extensão de 9,6 quilômetros. Foram construídas três grandes estruturas de contenção, sendo duas barreiras hidráulicas filtrantes e um dique, que permitem que a água passe, mas têm a função de reter, de trecho a trecho, o carreamento do excesso de partículas de rejeitos. No curso do córrego, há ainda 25 pequenas barreiras estabilizantes, que permitem essa retenção gradual e reduzem a energia da água e o carreamento de grandes cargas de partículas.



As intervenções emergenciais realizadas também incluem a remoção e destinação adequada dos rejeitos, após liberação do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, e a recuperação do trecho atingido do Rio Paraopeba. A cortina de estacas-pranchas na altura da ponte da estrada de Alberto Flores permitiu a limpeza do trecho do rio onde está a maior concentração de sedimentos.
Naquela altura, foi implantada a Estação de Tratamento de Água Fluvial (ETAF) Iracema. A operação começou em 9 de maio e possibilitou que tenham sido devolvidos para o Paraopeba cerca de 3 bilhões de litros de água limpa, com turbidez abaixo de 100 NTUs, com a retirada de metais pesados, principalmente ferro e manganês.

Desde maio são feitos também trabalhos de dragagem dos rejeitos de trecho afetado do Rio Paraopeba e, em agosto, após conclusão das buscas por vítimas pelos bombeiros nessa área, a dragagem foi iniciada. O material removido na dragagem é armazenado e desidratado em grandes bolsas geotêxteis. A água drenada dessas bolsas é bombeada para uma estação de tratamento e retorna limpa ao Paraopeba. O planejamento é que a dragagem siga até meados de 2020, começando na confluência do Ribeirão Ferro-Carvão com o Paraopeba e seguindo por 2 quilômetros abaixo desse ponto. Foram removidos cerca de 38 mil metros cúbicos de material somente neste trecho.

Para a execução desse conjunto de obras, foram mobilizadas 45 empresas, 584 equipamentos e 2,8 mil trabalhadores, dos quais pelo menos metade são moradores de Brumadinho e região. Os investimentos neste ano estão entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões e devem chegar a R$ 1,8 bilhão até 2023. Todas essas estruturas podem ser desmontadas a partir do momento em que não sejam mais necessárias para a estabilização das áreas afetadas.





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