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Estado de Minas NATAL

Alma de Papai Noel: voluntários entram em ação e garantem presente de crianças carentes

Movidos pela solidariedade, 'bons velhinhos' antecipam o Natal Minas afora. 'Satisfação' é grande demais', diz um deles, há 15 anos no papel


18/12/2019 06:00 - atualizado 18/12/2019 08:14

Em Santa Luzia, quase mil crianças participaram de farra com Papai Noel no sábado, com direito a presente e brincadeiras, numa celebração que exige preparação durante todo o ano(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Em Santa Luzia, quase mil crianças participaram de farra com Papai Noel no sábado, com direito a presente e brincadeiras, numa celebração que exige preparação durante todo o ano (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)


A meninada do Morro da Cruz, em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), já está no maior alvoraço: domingo, às 11h, Papai Noel vai chegar e fazer a festa antecipada de Natal, distribuindo presentes, pipoca, balas e muita alegria. Sob a roupa vermelha, o gorro de pompom branco e as botas pretas, está o microempresário José Antônio Chagas, de 64 anos, que há 15 encarna o papel do bom velhinho e se mostra todo feliz em juntar pais, filhos e “quem mais chegar”.

Com ajuda de parceiros para as doações, Totonho, como é conhecido na cidade, se mostra solidário com a criançada das escolas públicas e da região que inclui as comunidades carentes do Córrego da Ilha, Bela Vista, Galego e do Fogo Apagou. “Na hora da festa, quando a gente recebe o abraço, o carinho de cada um, é só lágrima que desce pelo rosto. A satisfação é grande demais”, contou Totonho, na tarde de ontem, quando chegava de Belo Horizonte com as “compras” do Papai Noel.

“Apenas coordeno e me visto de Papai Noel. Temos também a Mamãe Noel, que sempre é uma surpresa”, ressalta Totonho, que já fez a festa para até 700 crianças. “Somos voluntários. No nosso grupo, todo mundo é bem-vindo, só não aceitamos politicagem”, afirma o homem nascido e criado em Sabará e que, antes de entregar os presentes, faz com sua turma o cadastramento da garotada com até 12 anos. Sem querer tirar a graça da festa, vai uma revelação: Mamãe Noel, neste dia, é o papel do funcionário municipal aposentado Carlos Alberto de Freitas apelidado Mão Pelada e muito “divertido”, segundo os amigos.

Mas quem pensa que apenas os pequenos se divertem está bem enganado. Se a entrega dos presentes – bolas, bonecas e outros devidamente embrulhados em papel escolhido com cuidado – começa às 11h, Papai Noel entra em ação bem cedo. “A partir das 8h, reunimos os parceiros e ajudantes lá em casa, que fica atrás da Igreja do Rosário, aquela toda feita de pedra, e comemos uma galinhada. Depois da entrega dos presentes, tem mais confraternização”, adianta o microempresário, certo de que o ato solidário é maior do que o coração dos participantes da intitulada Equipe pró-natalina.

Todos juntos

(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

Antes de chegar a Sabará, Papai Noel fez uma “farra completa” em Santa Luzia, também na RMBH. No sábado, chegou de helicóptero, sobrevoou a escola Cramer, no Bairro Boa Esperança, e depois, com seu peculiar ho ho ho, caminhou até a quadra e ganhou a plateia. Dizer que cerca de 980 crianças de 20 localidades do município vibraram com a chegada do bom velhinho é pouco: na verdade, pularam, cantaram e aplaudiram, enquanto comiam cachorro-quente, tomavam picolé e se fartavam de bolo de chocolate.

E tinha também pula-pula e super-heróis da Liga da Justiça, a exemplo do Batman, que ajudou Papai Noel quando ele subiu ao palco da quadra, e desejos Feliz Natal a todos. Durante a comemoração, o homem-morcego, acompanhado do Lanterna Verde e da Mulher Maravilha, tirou muitas fotos na quadra da escola, aumentando a animação.

A festa, que engloba quase 1,5 mil pessoas, incluindo idosos de asilos, é organizada em Santa Luzia há 20 anos para crianças de 4 a 13 anos e, nos últimos quatro, tem a Rua do Lazer do Serviço Social do Comércio (Sesc) em parceria com o Sindicato do Comércio Varejista de Automóveis e Acessórios de Belo Horizonte (Sincopeças BH). O grupo de voluntários leva a colorida e “sonora” festa solidária a mais quatro instituições – no total, são 250 crianças de 8, 9 e 10 anos e mais 200 filhos de recuperandos da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac)), que recebem, no local, bolo e os presentes.

Os grupos de amigos que se reúnem para fazer a festa têm atividades diversas, incluindo profissionais liberais, e doam parte do tempo, durante o ano, para promover o Natal da criançada e também de idosos, pois, no dia 25, visitam o Asilo São Vicente de Paulo, levando o abraço fraterno e um presente de Natal.

"Liu" Noel

Com ajuda de amigos, Liu Noel leva material escolar, calçados e roupas a comunidade quilombola de Mariana(foto: Acervo particular/Divulgação)
Com ajuda de amigos, Liu Noel leva material escolar, calçados e roupas a comunidade quilombola de Mariana (foto: Acervo particular/Divulgação)

Já em Mariana, na Região Central do estado, é a vez do funcionário público municipal Alisson José dos Santos, de 42, conhecido como Liu, manter a tradição de 15 anos e visitar as comunidades quilombolas da Vargem. “Tem muita gente que me chama de Liu Noel”, conta com alegria e satisfação em atender até 140 crianças, com ajuda de amigos. “As crianças escrevem cartas, entregam na Escola Municipal Serra do Carmo e as professoras me encaminham. Mas tem gente que coloca na minha caixa de correio ou joga o envelope (endereçado ao bom velhinho) lá em casa”, afirma.

“Tive uma infância muito pobre. Quando era cristão, fiz uma promessa: daria às crianças pobres aquilo que não tive”, revela Alisson, que se declara ateu e explica não “ser preciso ter uma religião para ajudar os outros”. Atualmente, 85% dos beneficiados são crianças da comunidade quilombola e, para surpresa, os presentes não são bolas e bonecas, mas material escolar, calçados e roupas. “Outro dia, ao saber pelas redes sociais da nossa ação solidária, uma pessoa dos Estados Unidos mandou R$ 1,5 mil”. Para atender todo mundo, Liu entrega os presentes geralmente no último dia de aula na escola da comunidade. “Se fosse de casa em casa, ficaria meses nessa função, pois as moradias são distantes até dois quilômetros uma da outra. O último dia de aula foi quarta-feira passada, mas Papai Noel ainda está na ativa até hoje”, diz bem-humorado.


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