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Anel Rodoviário trava na saída para o réveillon e chega a 2020 sem solução

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Reflexos da lentidão se alastraram para vias de acesso aos bairros limítrofes ao Anel, complicando também a mobilidade dentro da capital (foto: Mateus Parreiras/EM/D.A Press)


Um ano-novo com uma última lembrança de velhos problemas viários foi a sensação deixada aos belo-horizontinos e habitantes da Grande BH que partiram em viagem pelas rodovias que levam à praia e ao interior. Logo cedo, o Anel Rodoviário travou por mais de nove quilômetros no sentido Rio de Janeiro por não suportar dois problemas corriqueiros a qualquer via, como a quebra de um ônibus e o ingresso de veículos pesados. Os reflexos desses problemas se alastraram para vias de acesso aos bairros limítrofes à rodovia, que funciona quase como uma via local. Para a Prefeitura de Belo Horizonte, uma das soluções para isso seria a municipalização da via, mas a ação que a administração municipal impetrou na Justiça Federal para assumir a via foi indeferida e aguarda, ainda, a decisão de um recurso. A ideia da PBH é criar projeto para ampliar e tornar a via mais segura e fluida. Nesta saída para o ano-novo e as férias, também o movimento na rodoviária da capital será grande, com 530 mil passageiros esperados até o dia 2.


Logo às 6h30, um ônibus metropolitano da linha 1000 (Palmares 1ª Seção/Regina/Alameda da Serra) apresentou problemas mecânicos e parou no Km 542, altura do Bairro Olhos d’Água, no Barreiro, ocupando duas das três faixas no sentido Rio de Janeiro. A pane ocorreu quando o veículo de transporte de passageiros realizava uma ultrapassagem e a mangueira do sistema de ar se desprendeu, travando as rodas do ônibus vermelho. Uma fila quilométrica foi se formando com o estrangulamento das vias até por volta das 8h, quando o veículo foi reparado e seguiu viagem. Um guincho de grande porte e um leve foram mobilizados pela concessionária Via-040, que contou com sete agentes, além de auxílio da Polícia Militar Rodoviária (PMRv). “No dia a dia, o Anel já é um terror. Quando a gente sai de manhã, achando que vai viajar sem pegar muito tráfego, a simples quebra de um ônibus quase fecha tudo”, reclama o administrador Adolfo Rodrigues Peixoto, de 57 anos, que viajava com a família para Rio das Ostras (RJ).



O congestionamento se estendeu por três quilômetros e emendou com outro trecho praticamente parado, na altura do trevo entre os bairros Betânia e Bonsucesso, sob a Via do Minério. O grande fluxo de veículos pesados descendo do Barreiro para ingressar no Anel Rodoviário reteve o tráfego até o Bairro Califórnia, na Região Noroeste. Com isso, a Via do Minério teve a pista da direita no sentido Anel comprometida por mais de dois quilômetros no interior do Bairro Milionários. “Não tem nada de anormal acontecendo. Não tem acidente, carreta atravessada. Nada. É só descerem mais caminhões que o Anel não aguenta. Tinha de ser ampliado”, sugeriu a médica Rosa Silveira, de 62, que retornava do trabalho pela via.

NA JUSTIÇA O mais recente anúncio de ação para melhorias no Anel veio com a tentativa de municipalização da via. De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), para que um trecho de rodovia sob administração federal passe à gestão de outro ente da União, como a PBH, é necessário que o mesmo formalize sua intenção de assumir a responsabilidade por determinado segmento por meio de ofício protocolado na Superintendência Regional do DNIT. Somente depois disso, “será aberto processo administrativo para análise do pleito, que terá trâmite na sede da autarquia, em Brasília”, informa o órgão.




Contudo, a PBH optou por uma abordagem diferente, requisitando na Justiça Federal a municipalização da via. Em julho de 2018, a administração municipal entrou com recurso contra a decisão da Justiça, que julgou improcedente o pedido para administrar o Anel Rodoviário. “Atualmente, a PBH aguarda o julgamento desse recurso na segunda instância do Tribunal Regional Federal da 1ª Região”, informa a prefeitura. Isso, depois de ter anunciado, em 2017, que estudava a implantação de melhorias, como áreas de escape e estudos dos trechos, chegando a ameaçar interromper o tráfego de caminhões pesados em 2018.

Administradora do trecho de 10 quilômetros do Anel Rodoviário, entre os bairros Califórnia e Olhos D’Água, a Via-040 informa que no contrato de concessão não há nenhuma previsão de obras de ampliação (duplicação, construção de marginais, alças etc) de capacidade para esse trecho. O contrato prevê a prestação de socorro médico e mecânico aos motoristas, guinchamento, destombamento, gestão do tráfego, circulação de viaturas de inspeção, operação de radares, manutenção do asfalto, sinalização vertical (placas) e horizontal (pintura de faixas) e manutenção. Em média, 130 mil veículos passam a cada dia nesse trecho. De maneira geral, 64% do fluxo é formado por veículos leves, 34% por pesados e 2% são motos.

FISCALIZAÇÃO Passando ou não pelo Anel Rodoviário, quem vai viajar nos próximos dias deve manter a atenção máxima. Como o Estado de Minas mostrou em sua edição de ontem, obras nas rodovias e estradas com bloqueios são algumas armadilhas que os motoristas terão pela frente em Minas Gerais na saída para o ano-novo e as férias. Dados do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER/MG) – que não incluem as rodovias federais que cortam o estado – mostram que 35 trechos de estradas mineiras estão com algum tipo de interdição. A maioria dos problemas surgiu junto com as chuvas, como é o caso de erosões. E basta olhar pelo retrovisor do período de Natal para perceber que a situação é de alerta. Levantamento do EM mostra que ao menos 16 pessoas perderam a vida entre os dias 20 e 25, média de 2,5 mortes por dia.


É bom lembrar também que a fiscalização está reforçada, tanto nas vias estaduais quanto nas federais, inclusive com o retorno dos radares móveis. As ações, que começaram antes do Natal, vão continuar até março de 2020. O objetivo é garantir reforço na segurança no trânsito no período de férias até o carnaval. “As diversas ações serão realizadas com o objetivo de combater práticas como embriaguez ao volante, não uso do cinto de segurança e demais dispositivos de retenção obrigatórios, além de ultrapassagens proibidas e excesso de velocidade”, informou a PRF. Estão previstas atividades educativas, “desenvolvidas com foco nos comportamentos de risco para que a sensibilização produza mudança de comportamento e, consequentemente, um trânsito mais seguro”.

Os motoristas infratores já estão sendo flagrados por radares móveis em Minas Gerais. Na sexta-feira da semana passada, a PRF voltou a usar os equipamentos nas estradas que cortam Minas. Ao todo, 25 aparelhos voltaram a operar depois de decisão judicial. Esse tipo de fiscalização estava suspenso desde agosto, por despacho do presidente Jair Bolsonaro.


PERFIL DO ANEL


» 27,3 quilômetros de extensão interligando as rodovias federais BR-040, BR-262 e BR-381.

» O sistema foi implantado com o objetivo de retirar o tráfego de longa distância das áreas urbanas da capital.

» Dados de 2017 apontam um número de 120 mil veículos/dia circulando na via

» A Via-040 administra trecho de 10 quilômetros do Anel Rodoviário, entre os bairros Califórnia e Olhos D’Água, por onde passam cerca de 130 mil veículos/dia

Fontes: Dnit e Via 040