As condições dos dois tipos de tragédias são bem diferentes, uma vez que no atentado a explosão e os incêndios contribuem para destruir os vestígios corpóreos, como fragmentos de DNA, arcadas dentárias entre outros. A lama de Brumadinho, de certa forma, ainda ajuda a preservar corpos, sendo que várias vítimas foram encontradas praticamente intactas depois de quase um ano do rompimento, ocorrido em 25 de janeiro de 2019.
Em Brumadinho, 11 pessoas ainda precisam ser identificadas entre os segmentos mortais resgatados ou mesmo encontradas sob a área de 275 mil hectares que foi soterrada pelos rejeitos de minério de ferro. Os métodos usados pela Polícia Civil para a identificação dos cadáveres começou com a coelta de informações como roupas, objetos e adereços juntos aos corpos em campo. Enquanto isso, outras equis catalogavam particularidades das vítimas, como radiografias de fraturas, placas metálicas, intervenções de dentistas, tatuagens e outras características. Esse trabalho de peritos era seguido pelas técnicas da medicina legal para a identificação e cruzamento de dados, por impressões digitais, arcada dentária e radiografias, exames antropológicos e sequenciamento de DNA.
"A Polícia Civil se dedidcou integralmente, forneceu pessoal, convocou profissionais de férias, recebeu aposentados, pessoal técnico voluntário e a Polícia Federal. Para se ter uma ideia, um especialista em necropapiloscopia da UFMG conseguiu uma proeza e fez a identificação das digitais de uma mão após 10 meses de degradação", conta o superintendente de Polícia Técnico-Científica da Polícia Civil, Thales Bittencourt de Barcelos.
Até o momento, há 74 segmentos de corpos em análise na Polícia Civil e outros 52 foram considerados inconclusivos com as técnicas atuais. "É importante destacar que utilizamos o sequenciador de DNA mais moderno do mundo, chamado Illumina, que é a nossa derradeira resposta sobre a viabilidade da identificação ou não de um segmento", afirma.
Nos Estados Unidos, segundo o Memorial 9/11, a última pessoa identificada pela perícia de Exames Médicos da Cidade de Nova York foi um homem de identidade não revelada. Sua identificação ocorreu em julho de 2018, mas seus restos mortais tinham sido recuperados em 2013.
O atentado promovido pela Al-Qaida a mando de Osama Bin Laden ocorreu depois que 11 terroristas sequestraram e colidiram dois aviões de passageiros contra as torres gêmeas, no maior atentado já feito em solo norte-americano. A tragédia de Brumadinho é a maior em número de mortos da história do Brasil.
Entre os mortos do 11 de setembro, 343 eram bombeiros que socorriam vítimas, 23 eram policiais nova-iorquinos e 37 oficiais da autoridade portuária. Na operação de Brumadinho o índice de acidentes é zero de acordo com os Bombeiros.
Os últimos dois mortos identificados pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil, por meio de exame de DNA, são de João Tomaz de Oliveira, de 46 anos, e Noel Borges de Oliveira, de 50. Eles eram funcionários terceirizados da Vale. João Tomaz trabalhava como motorista de caminhão-pipa e Noel era encarregado de obras. A divulgação da identificação se deu no dia 28 de dezembro.