Pelo quarto final de ano consecutivo, a população da Região Metropolitana de Belo Horizonte é prejudicada por incêndios criminosos contra ônibus do sistema de transporte. Dois coletivos foram incendiados na noite de domingo na Grande BH, por criminosos não identificados, que deixaram cartas endereçadas ao poder público, em ação que parece relacionada a reivindicações de internos do sistema prisional. Ninguém se feriu nos ataques, mas motoristas e passageiros foram ameaçados por armas.
Por volta das 22h do domingo, dois homens mascarados e um sem máscara, portando um revólver, renderam motorista e passageiros quando um ônibus da Linha 5503 (Goiânia A) parou em um dos últimos pontos do itinerário, na Rua José Arcanjo Santiago. Segundo relato do motorista à Polícia Militar, o trio portava um líquido inflamável e obrigou os ocupantes a deixar o veículo. Em poucos minutos o fogo consumiu o coletivo. Os criminosos deixaram uma carta de conteúdo não revelado.
O outro caso ocorreu em Esmeraldas, na Grande BH, por volta das 20h30, no Bairro Santa Cecília. Um ônibus da linha metropolitana 6400 foi incendiado por seis homens não identificados, que também deixaram um bilhete com reivindicações. De acordo com o motorista, os criminosos aparentavam ter menos de 18 anos e um deles o ameaçou com uma no pescoço, enquanto ordenava que os passageiros deixassem o coletivo.
Um recipiente com líquido inflamável foi jogado no interior do ônibus, em seguida incendiado pelos criminosos, que fugiram. Testemunhas e o condutor conseguiram apagar o fogo, que deixou apenas danos internos. Na mensagem entregue pelo bando contavam os dizeres “Aviso represária (sic) dos manos, PPP1 e PP2”, que parecem remeter a unidades do sistema prisional.
Desde 2017, ataques a ônibus em fins de ano na Grande BH vêm acompanhados de bilhetes com reivindicações de melhorias para detentos que cumprem penas em presídios no entorno da capital. Há dois anos, nada menos que seis desses incêndios a coletivos, de um total de 17, aconteceram entre 24 de dezembro e 1º de janeiro. Em 2018, o número de ataques registrados pela Polícia Militar durante todo o ano subiu, beirando os 50. Não foram divulgados números atualizados sobre o total de ocorrências neste ano.
Os criminosos escolhem sempre o período da noite ou madrugada para agir, em bairros da periferia, onde as possibilidades de escapar de eventual perseguição policial são maiores. Muitas vezes, os locais de ataque ficam perto de matas e de estradas vicinais, o que facilita a fuga dos bandidos.