Jornal Estado de Minas

REVÉILLON ALTEROSA

90 mil recebem 2020 na Pampulha



O espetáculo da virada que acompanhou a chegada de 2020 na Lagoa da Pampulha, há 10 meses era uma passagem incerta. Testemunhar a chegada de um novo ano foi um momento de vitória para a nutricionista Luciana Mendes Ferreira, de 40 anos, que venceu o câncer de mama. Cada explosão nos céus, iluminando a orla do complexo projetado por Oscar Niemeyer em Belo Horizonte foi comemorada por ela e seus familiares, depois da batalha em sessões de quimioterapia, radioterapia e cirurgias que a debilitaram. Em meio à alegria que saudou o ano novo no 30° Réveillon da TV Alterosa, histórias de superação e alívio como a dela nutricionista trouxeram ainda mais significado para a maior e mais tradicional queima de fogos de Minas Gerais.



“Escolhi vir aqui, porque o clima é mágico e eu precisava desse alívio depois de tanta luta contra o câncer. Estar aqui junto da minha família era algo que não sabia se conseguiria”, desabafou Luciana. Para outras pessoas que enfrentam desafios semelhantes, ela dá conselhos: “Temos de acreditar em Deus e ter fé que será uma tempestade e ter a família para dar suporte em tudo na vida. Assim, a gente fica mais forte e vence”.
Felizes e inspirados na história da nutricionista, familiares dela, de Contagem, na Grande BH, não tiveram dúvidas e se juntaram às mais de 90 mil pessoas que compareceram ao Réveillon da TV Alterosa, entre a noite de terça-feira e a madrugada de ontem. “Para nós foi um grande alívio. O ano de 2019 representou muitos desafios e nos fez mais unidos. A virada de ano, significa a esperança de que mais coisas boas virão”, disse a irmã de Luciana, a gerente de pessoal Andreia Mendes Ferreira Silva, de 44. “Foi a primeira vez que viemos e achamos tudo lindo. Mas o mais importante foi ter nos unido em família para este momento”, disse o gerente operacional Lucinei Antônio da Silva, de 47, marido de Andreia.

O espetáculo também emocionou que começa a conhecer a vida, como o pequeno Gabriel Maia de Paiva, de apenas 2 anos, levado pelos pais ao seu primeiro réveillon. “Ficamos preocupados, sem saber se ele ia gostar, se ia se assustar, mas ficou foi impressionado com as luzes, a alegria das pessoas vibrando com os fogos. Nunca vamos nos esquecer dessa emoção”, disse o pai do menino, Geraldo Paiva, que é mecânico e passou a virada com o filho no colo, admirando o espetáculo pirotécnico.



Tão tradicionais em Minas Gerais quanto a queima de fogos de Copacabana, que ocorre desde a década de 1980, os fogos da Alterosa reuniram neste ano cerca de 90 mil pessoas à beira da lagoa, de onde puderam admirar os efeitos de luz e som que por 12 minutos cruzaram os céus partindo de quatro balsas e quatro flutuantes distribuídos no espelho d’água do lago, entre a Igreja São Francisco de Assis e o vertedouro.

Comidas típicas como feijão tropeiro e churrasquinho deram sabor à festa nas barraquinhas montadas pela estrutura do espetáculo. “Aqui tem de tudo que a gente gosta. Tudo quentinho e gostoso, na medida para toda a minha família”, disse o autônomo Charles de Freitas, de 53. Cerca de 100 famílias exploram gratuitamente o direito de comercialização de alimentos e bebidas no evento. Todos os fornecedores foram treinados e licenciados pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Administração Regional Pampulha e fiscalizados pela Vigilância Sanitária, contando com o apoio da Polícia Militar e do Corpo de bombeiros.